21 vão a júri por linchamento

Está marcado para a próxima quinta-feira, 1.º de dezembro, no Tribunal do Júri de Cascavel, um dos maiores julgamentos do Brasil em número de réus. Vinte e uma pessoas irão a júri por causa de um linchamento ocorrido na delegacia de Salto do Lontra, na região Sudoeste do Paraná, em 21 de março de 1994. Na época, a população revoltada com o assassinato da enfermeira Iranilde Ribeiro Comerlatto, de 29 anos, invadiu a delegacia e matou os três acusados do crime – o médico Cláudio Marques de Almeida, o cunhado dele, Heitor Ítalo Canin Filho e o policial civil do Rio de Janeiro Rodolfo Anésio Neto. O julgamento deve durar pelo menos oito dias.

A matéria foi um dos destaques de capa da Tribuna do dia 23 de março de 1994: "Justiça com as próprias mãos – Povão enfurecido lincha três homens." A reportagem relatava que cerca de 30 pessoas, revoltados pela morte da enfermeira, invadiram a cadeia do município, matando os criminosos a pauladas, marteladas, pontapés e tiros. A enfermeira teria sido morta a mando do médico Cláudio Marques de Almeida, já que movia uma ação trabalhista contra um hospital de propriedade dele. O autor dos cinco tiros que mataram a enfermeira foi o policial carioca, enquanto o cunhado do médico seria o motorista do carro que a abordou em uma estrada secundária da cidade. Os dois confessaram o crime.

Apesar da apreensão quanto à segurança dos acusados, não houve tempo de transferi-los para delegacias das cidades vizinhas. Além disso, o efetivo de policiais que cuidava da delegacia era pequeno, o que facilitou a invasão e linchamento. As câmeras de uma emissora da Rede Globo filmaram o que aconteceu, levando a polícia a identificar facilmente os réus. Somente agora, quase doze anos após o crime, os acusados responderão na Justiça pelo triplo homicídio. Todos estão em liberdade, com exceção de um, preso por outro crime.

O júri será presidido pelo juiz Nestário Queiroz. Na acusação atuará o promotor titular da comarca, André Merheb Calixto, com o auxílio do promotor de Justiça de Curitiba, Marcelo Balzer Correia, que já atuou em diversos casos em Cascavel, como a investigação da morte do deputado estadual Tiago de Amorin Novaes, assassinado a tiros em 2001 por ameaçar divulgar nomes de pessoas envolvidas no desaparecimento de quase R$ 1 milhão de um carro forte.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo