São Paulo, 27 (AE) – O zagueiro Serginho, do São Caetano de 30 anos, morreu na noite desta quarta-feira em conseqüência de uma parada cardiorrespiratória sofrida durante a partida de sua equipe contra o São Paulo, no Morumbi, pela 38ª rodada do Campeonato Brasileiro. O jogador desmaiou; chegou a receber atendimento médico ainda no gramado – inclusive com respiração boca-a-boca – mas em seguida foi levado ao Hospital São Luiz, onde morreu minutos depois. De acordo com a direção do hospital, o jogador deu entrada às 22h05 e às 22h45 foi declarado morto. Serginho deixa esposa e um filho, de 3 anos.

O jogador se sentiu mal aos 14 minutos do segundo tempo. Ele estava em sua área, quando passou caiu, ao lado do atacante Grafite e bem perto do goleiro Silvio Luiz. Imediatamente, os colegas pediram para que o árbitro interrompesse o jogo e autorizasse a entrada de massagista e médico. Em instantes, a preocupação espalhou-se entre os demais atletas e chegou à arquibancada, com o público atônito e pressentindo que havia uma tragédia em campo.

Desmaiado, sem pulso, o zagueiro recebeu respiração boca-a-boca de Paulo Fortes, médico do São Caetano. O massagista também tentou reanimá-lo, com massagem cardíaca, assistido por seus colegas do São Paulo. “Ele estava sem pulso”, disse o médico José Sanchez, enquanto o jogador era colocado na maca e levado para a UTI móvel do Morumbi. Com a reação inicial, foi transportado para o Hospital São Luiz, a pouco mais de dois quilômetros do Estádio, na avenida Morumbi.

Antevendo que a situação do jogador era muito grave, os jogadores dos dois times se deram as mãos e formaram um círculo ainda no gramado, orando pela recuperação do colega. Depois de esperar por cerca de 15 minutos, o árbitro Cléber Abade decidiu suspender a partida, alegando que os jogadores não tinham mais condições psicológicas de atuar. Serginho teria chegado vivo ao hospital; foi entubado, mas não conseguiu ser reanimado.

A cena chocou o País, a começar dos jogadores no Morumbi. Serginho ainda recebia tratamento e seus companheiros choravam, colocavam as mãos no rosto, erguiam os braços sobre a cabeça. Tristeza e solidariedade se misturavam. Muitos rezavam.

“Me assusto com o quadro clínico, espero que possa se recuperar”, falava o doutor José Sanches, emocionado, mas sem convicção. Como médico, previa o pior e mal conseguia segurar as lágrimas. “O quadro é crítico, mas tudo foi feito da melhor forma”, ponderou o superintendente do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, também médico e que auxiliou no socorro de Serginho.

No placar do estádio, frase de apoio. “Serginho, oramos por você.” A torcida gritava o nome do zagueiro, enquanto jogadores e comissões técnicas, abraçados, faziam círculo no meio-campo e rezavam pelo companheiro. “Infelizmente aconteceu, agora é só lamentar e torcer para que a família seja forte”, afirmou Sanches.

Os jogadores pediram e o árbitro Cléber Wellington Abade suspendeu a partida e agora cabe ao Tribunal Esportivo decidir se haverá um novo jogo. O mais provável é que sejam disputados apenas os 31 minutos finais. O São Caetano diz que não joga domingo contra o Paraná e o São Paulo quer retomar o jogo do início. A Federação Paulista de Futebol decretou luto oficial e pediu a abertura de inquérito para saber se todos os procedimentos foram corretos.

O público saiu em silêncio do Morumbi e a notícia se espalhou pelos outros sete Estados onde havia jogos do Campeonato Brasileiro. Minuto de silêncio foi respeitado, nos estádios o público se emocionou e se despediu de Serginho com aplauso. Jogadores choravam. O Brasil viveu uma quarta-feira em que o gol não teve nenhuma graça.

Paulo Sérgio de Oliveira Silva, nasceu em Vitória, no Espirito Santo no dia 19 de outubro de 74. Antes do São Caetano, onde jogava desde 97, Serginho jogou no Araçatuba (SP), Social Coronel Fabriciano (MG) e Democrata (MG).

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