Waldomiro Diniz teria ajudado na estruturação da Loteria do Espírito Santo

O procurador regional da República Ronaldo Meira de Vasconcelos afirmou hoje (21) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos que o ex-assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz, auxiliou na estruturação da Loteria do Estado do Espírito Santo, a Loteres. A comissão investiga a suposta utilização das casas de bingo para a prática de crime de lavagem de dinheiro e a possível relação das casas de apostas com o crime organizado.

"Eu recebi informações de policiais civis, militares e de outras fontes de que o senhor Waldomiro teria estado no Espírito Santo reunido como um grupo da jogatina e lá teria passado informações e estruturado a autarquia Loteres", declarou Ronaldo Meira. Segundo o procurador, como Waldomiro tinha experiência no ramo de jogos, teria fornecido as informações em encontros realizados a partir de 2000.

Ronaldo disse que as leis estaduais referentes às casas de jogos são semelhantes. "Eu tive a curiosidade de verificar os textos das legislações de vários estados, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e do Espírito Santo, e encontrei uma semelhança muito grande na redação. O que me levou a acreditar que aquilo não era pura coincidência, mas era uma movimentação planejada para que pudesse ser estruturada a jogatina no Brasil", disse.

Para o procurador, Waldomiro teria auxiliado na formulação das leis. "Eu acredito que ele [Waldomiro Diniz] tenha fornecido subsídios para que a legislação fosse implementada em cada um dos Estados que citei", acrescentou Ronaldo. Ele explicou que quando os Estados passaram a formular as leis sobre os jogos, foi criada uma "aparente legitimidade". "Embora o Supremo dois ou três anos depois tenha dito que todas as leis estaduais eram inconstitucionais porque quem deve legislar é a União", ressaltou. O ex-assessor da casa civil, Waldomiro Diniz, será ouvido na CPI no dia 11 de agosto.

Os procuradores ouvidos CPI dos Bingos foram unânimes em afirmar que, atualmente, as casas de jogos estão relacionadas com algum tipo de crime. "Não há como falar em bingo sem falar em crime organizado", disse o procurador José Pedro Taques. Para ele, não é possível desvincular as casas de bingo e caça-níqueis com o crime organizado e lavagem de dinheiro.

José Pedro ressaltou que os jogos estão relacionados com prostituição, tráfico de entorpecentes e corrupção política. Segundo o procurador, a organização criminosa age com participação de agentes públicos, como representantes do Ministério Público e parlamentares. "Nas investigações no Mato Grosso, nós comprovamos que dinheiro de caça-níques seria encaminhado para financiar campanhas políticas", declarou o procurador.

Os procuradores afirmaram ainda que é necessário alterar a legislação sobre o ramo de jogos no país. "Hoje há uma situação beirando a ausência de normas regulamentando esses jogos", afirmou o procurador Roberto Ferreira.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo