Ele puxou a procissão de 115 cardeais na direção da Capela Sistina e um dia e meio depois da instalação do conclave, um dos mais breves da história, apareceu no meio da tarde de terça-feira na majestosa janela da Basílica de São Pedro, trajado com as vestes pontificais, para anunciar ao mundo que a Igreja Católica Apostólica Romana tem novo papa: Bento XVI.

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O cardeal alemão Joseph Ratzinger, decano do colégio cardinalício e braço-direito de João Paulo II nos últimos anos de pontificado, sobretudo quando os problemas de saúde tornaram-se um fardo pesado demais para Wojtyla, é o sucessor apostólico.

Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, guardiã da ortodoxia católica, Ratzinger é também um dos raros a contrariar o conhecido bordão romano: quem entra papa sai cardeal. Figura de escol ao longo das exéquias do papa falecido, o cardeal alemão rezou todas as missas importantes até a clausura na Casa Santa Marta.

Na qualidade de decano, não mais responsável pela congregação que dirigiu nos últimos anos, mas ainda assim homem de prestigioso respeito entre os membros do colégio dos cardeais, Ratzinger foi voz predominante da igreja no interregno vacante da cadeira papal.

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Pode-se dizer que ao entrar na Capela Sistina a fim de participar do primeiro escrutínio, o nome de Ratzinger certamente era unanimidade na mente dos eleitores. No meio do segundo dia, a fumaça branca e os sinos do Vaticano saudaram o novo papa, que logo surgia ante a multidão postada na Praça de São Pedro.

O pontificado de Bento XVI será essencialmente intelectualizado, teológico e doutrinário, já que essas são as principais características do novo papa. É difícil imaginar a repetição das multidões que ovacionaram João Paulo II e, talvez, não seja essa a opção do papa para confirmar perante a igreja sua vocação pastoral.

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As fissuras abertas na comunhão católica, em especial em relação ao pensamento dos teólogos liberalizantes, como o brasileiro Leonardo Boff, circunstâncias em que a atuação de Ratzinger se evidenciou, o impelem a lançar mão dos canais diplomáticos da igreja para aplainar o caminho do entendimento e da harmonia.

Uma tarefa das mais pesadas.