Brasília – Enquanto, no Brasil, movimentos disputam a atenção do eleitorado em torno de idéias como o voto nulo e o "voto consciente", o cientista político José Alves Donizeth alerta: a discussão sobre os problemas da política no país não pode se esgotar nas urnas. "O voto é um instrumento necessário. Agora, apenas o ato do voto não é suficiente", diz ele, que é professor na Universidade de Brasília (UnB).

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"É preciso que haja participação, haja envolvimento com as questões políticas nacionais, afinal de contas o poder político é o poder mais importante que todas as outras formas de poder", afirmou hoje, em entrevista às emissoras de rádio da Radiobrás. "Quanto mais aperfeiçoado ele (o poder político) estiver, maiores e melhores serão os seus resultados. Não é simplesmente comparecer na sessão eleitoral e anular o voto e sim fazer protestos, organizar, criar um grupo, um comitê."

Entre os aperfeiçoamentos do sistema político-eleitoral em países com maior número de anos de experiência democrática, o professor cita o voto facultativo e a prática da democracia direta – em plebiscitos e referendos, como o realizado no ano passado, sobre a venda de armas, por exemplo. Movimentos que defendem o voto nulo no Brasil defendem o fim da obrigatoriedade do voto. Na visão de Donizeth, o voto obrigatório é necessário aos países em desenvolvimento, como o Brasil, para não agravar a situação de exclusão da população, com uma freqüência menor de ida às urnas.

"Pode parecer contraditório, num primeiro momento, essa questão da obrigatoriedade de um direito. Para alguns analistas, e eu me incluo entre eles, se você elimina a obrigatoriedade do voto para uma parcela da população que já está economicamente e socialmente excluída, você pode agravar ainda mais a situação. O direito do voto é também uma oportunidade para as pessoas tomarem consciência dos problemas nacionais, das grandes questões nacionais", diz ele.

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