Quando os números divulgados pelo IBGE são bons, todo mundo vibra e faz festa. Os fogos de artifício – mesmo comportados – são para o anúncio do crescimento de 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB), no ano de 2004. O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, chegou a afirmar em alto e bom som que o crescimento da economia brasileira a partir de agora, ?não será um vôo de galinha?.
Explique-se a comparação do ministro, médico de profissão e não criador de galináceos, ao que se presume, no entanto, bastante conhecedor da total inaptidão das referidas aves para a decolagem e manutenção do desajeitado corpo suspenso no ar, mesmo por alguns minutos, sem o risco de espalhafatoso tombo.
Puxado pelos setores da indústria (6,2%), agropecuária (5,3%) e serviços (3,7%), o PIB deu o maior salto desde 1994, quando atingiu a marca de 5,9%. O IBGE também calculou a taxa média do crescimento do PIB entre 1995 e 2004, concluindo que a mesma foi de 2,4%, ficando o PIB per capita (proporção do PIB correspondente a cada cidadão) em 0,9%. Em 2004, o crescimento do PIB per capita ficou em 3,7%.
Palocci comemorou o bom resultado, mas teve o bom senso de lembrar que é preciso manter um ciclo de desenvolvimento longo, consistente, equilibrado e forte. O ministro foi sincero ao afirmar tais palavras, pois como médico experiente conhece a extensão do choque quando se diz que o doente terminal está bem, com base em ligeira melhora, irrelevante em vista do quadro geral.
Nosso principal ministro da área econômica, homem da confiança irrestrita do presidente Lula, também assegurou ser esse o único caminho para se alcançar um desempenho econômico capaz de gerar empregos e distribuir renda para os mais necessitados.
Como as coisas estão indo bem no terreno da macroeconomia, Palocci garantiu estar na hora de tratar do varejo, das reformas da microeconomia, esse terreno pantanoso onde pontifica o impiedoso predador que devora o suado ganho do trabalhador.