O volume de conversões de veículos para o uso de gás natural caiu pela metade nos últimos dois meses, em relação ao registrado no início do ano, conforme dados do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP).
Segundo o IBP, o volume de conversões em julho somou 11.611 automóveis, bem abaixo dos 20.800 registrados em março e quase metade dos 22.941 de abril.
A queda já vem ocorrendo desde maio, quando o governo anunciou que pretendia retirar alguns incentivos ao uso do gás em veículos, mas o movimento se acentuou após as confusões políticas na Bolívia, com a ameaça ao suprimento do combustível ao Brasil.
A decisão da Petrobras de reajustar os preços do gás natural a partir deste mês tende a reduzir um pouco mais a atratividade da conversão.
Pelos dados do IBP, as conversões do mês passado ficaram 24,3% abaixo do computado em julho de 2004, quando somaram 15.351 veículos. No acumulado do ano, porém, os números ainda estão 26,8% acima do registrado em igual período do ano passado, já que o ritmo de conversões se acelerou a partir de setembro. Até então a média oscilava em torno de 15 mil veículos por mês.
A frota brasileira de veículos movidos com base no GNV está em 959.058 unidades. A expectativa do setor, no entanto, era que o número de um milhão de veículos fosse atingido ainda em meados de 2005, mas o provável é que isso ocorra mais para o fim do ano.
Investimentos
A Petrobras divulgou, nesta quarta-feira, nota reafirmando seu compromisso com o mercado brasileiro de gás natural, em uma tentativa de tranqüilizar o mercado quanto ao abastecimento futuro.
Segundo a empresa, o setor receberá investimentos de US$ 6,5 bilhões até 2010 – valor 150% superior ao estimado anteriormente -, além dos recursos destinados pela área de exploração e produção à busca de novas reservas do combustível. A empresa frisa que o novo plano de negócios prevê um crescimento anual de 11% no fornecimento de gás às distribuidoras.
Nos últimos anos, o consumo do combustível vem crescendo a uma média de 20% ao ano, desempenho considerado insustentável pela direção da estatal. A Petrobrás estima um crescimento anual de 9% no mercado industrial e de 16% em outros mercados, incluindo o GNV.
O diretor de gás e energia da estatal, Ildo Sauer, informou hoje, por meio de sua assessoria de imprensa, que pretende agendar encontros nas federações das indústrias do Rio e de São Paulo para detalhar o plano de negócios.
O objetivo é garantir ao mercado que haverá suprimento de gás e os contratos serão mantidos. Mas é consenso na empresa que o gerenciamento do mercado de gás será mais complicado nos próximos anos, face às dificuldades no desenvolvimento de reservas brasileiras e às mudanças regulatórias na Bolívia, principal fornecedor do combustível ao País.