O próprio senador Renan Calheiros (PMDB-AL) finalmente se convenceu que não resta a menor possibilidade de manter-se na presidência do Senado, após o período de duração da licença temporária. É o que tem revelado aos amigos mais chegados, fazendo parte da conversa até mesmo a concretização do pedido de renúncia antes que o quinto processo seja aceito pela mesa diretora. A preocupação derradeira para Renan está na salvaguarda dos direitos políticos, pois diante dessa punição extrema ele somente poderia pensar em retornar à política em 2019.
A situação vivida pelo senador alagoano é muito parecida com a dos senadores José Roberto Arruda, Antônio Carlos Magalhães e Jader Barbalho, que também renunciaram para evitar a cassação e a perda dos direitos políticos. ACM (já falecido) e Arruda se envolveram no episódio da violação do painel eletrônico e Barbalho, à época presidindo a Casa, foi acusado de desvio de recursos tomados por empréstimo de um banco estatal. ACM voltou ao Senado, Arruda foi eleito governador do Distrito Federal e Jader é deputado federal e um dos principais articuladores do apoio peemedebista ao presidente Lula.
Tudo leva a crer que a decisão final de Renan esteja por um fio, à vista da decisão da mesa de encaminhar ao Conselho de Ética o quinto processo contra o presidente licenciado, agora acusado da insanidade de espionar os senadores Demóstenes Torres (DEM) e Marconi Perillo (PSDB), ambos de Goiás, adversários ferrenhos de Renan na porfia aberta por sua condenação pela recorrente quebra de decoro parlamentar.
A condicionante imaginada por Renan se esfumou, porquanto a nova representação contra Renan (a quinta) foi encaminhada ao Conselho de Ética, em atenção ao pedido feito pelos partidos a que pertencem os senadores que seriam alvos da armação de um assessor especial do gabinete da presidência do Senado, Francisco Escórcio, um serviçal de Sarney, que procuraria meios materiais para pressionar os senadores citados a cancelar os votos pela cassação.
De repente, a enjoativa empáfia demonstrada por Renan ao longo de cinco meses desmoronou como um castelo de cartas e, hoje, o senador está praticamente sozinho. Não se vê nenhum colega, nem os mais furibundos oradores da desarvorada tropa de choque, disposto a assumir publicamente a causa inglória. Renan voltará ao agreste.
