O gerente-corporativo de Recursos Humanos da Volkswagen do Brasil, Nilton Júnior, afirmou que a montadora pode anunciar imediatamente demissões, caso não haja acordo com o sindicato dos metalúrgicos. Hoje, os dirigentes da empresa terão uma reunião com representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para discutir a reestruturação produtiva da Volks, que incluirá cortes de custos.
O sindicato afirma que a empresa pretende demitir 5,7 mil pessoas no Brasil até 2008, número que, mais uma vez, a montadora não confirmou. Segundo Nilton Júnior, líderes sindicais já se recusaram a negociar três vezes, mas a montadora mantém o objetivo de conseguir 25% a menos de custos por veículo produzido daqui para frente. "Se eles não se sentarem à mesa de negociação, nós vamos ter que continuar com as metas", declarou.
O vice-presidente de RH da Volks, Josef Semm, afirmou que a empresa não tem um número fechado de cortes, inclusive, porque o cenário pode se modificar. De acordo com ele, uma coisa é certa: não haverá mais um acordo de estabilidade para os empregados.
Os metalúrgicos da unidade de São Bernardo do Campo têm estabilidade até 21 de novembro e o acerto não será renovado. Semm afirmou que a matriz na Alemanha recomendou o fechamento de um fábrica no Brasil, mas a direção da subsidiária nacional está lutando para diminuir gastos, sem precisar fechar uma unidade em 2007. "Não queremos endurecer, mas temos que ter claro o que tem que ser feito para continuar no mercado e atrair novos produtos. Se não houver mudança, não haverá futuro", disse.
A proposta da Volks, apresentada aos sindicatos, inclui uma nova tabela salarial com valores 35% menores para contratações futuras. A empresa quer atrelar a reposição da inflação aos salários aos resultados obtidos. Ou seja, para este ano, não está prevista a reposição integral, se os resultados não forem atendidos.
Estão previstas também alterações na participação dos resultados na jornada de trabalho e no banco de horas. De acordo com os executivos, o plano foi apresentado aos sindicatos em maio e, desde então, não houve avanços nas negociações, já que as entidades não aceitaram as mudanças e ameaçam fazer paralisações em protesto.