Você pode fazer um jogo em 48 horas? Conheça a Global Game Jam 2009

por Vivi Werneck,
editora colaboradora do blog Girls of War

O que se pode fazer em 48 horas? Hum… Uma casinha para o seu cachorro? Ou aquela formatação básica no seu PC, talvez… Mas e se eu lhe disser que, além disso e várias outras coisas, em 48 horas pode-se fazer um game?

A idéia parece até impossível levando-se em consideração os meses e anos que algumas produtoras levam para fazer um Metal Gear Solid ou um Fallout 3, por exemplo.

Mas esse é o espírito do Global Game Jam, uma maratona de produtores de games entusiastas ao redor do mundo, em que o maior desafio é criar um jogo – a partir de um tema proposto pelos organizadores. Um desafio e tanto!

Todos os competidores de diferentes países permaneceram sob as mesmas regras e restrições. Entre os patrocinadores da maratona gamer está a Take-Two Interactive, por exemplo, que é detentora dos direitos de GTA IV.

O GGJ 2009, que aconteceu nos últimos dias 30 de janeiro até 1º de fevereiro, contou com a participação de 40 universidades espalhadas pelo planeta, sendo que três delas foram do Brasil: Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro; Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), em São Paulo e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Pernambuco.

E vocês acham que o Girls of War ficaria fora de uma dessas? Claro que não! Apesar de nenhuma de nós saber programar para poder participar, euzinha – Vivi Psycho Werneck – estive no evento que aconteceu na UFF, na cidade de Niterói, no meu querido Rio de Janeiro. Na universidade, a maratona começou às 16h do dia 30, com uma palestra inaugural sobre Games e Design, ministrada pelo professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Guilherme Xavier. O cara é uma figuraça e explicou com muito bom humor algumas regrinhas básicas para o bom desenvolvimento de um game simples e divertido – um dos objetivos do GGJ.

Antes da batalha contra o tempo começar para os 43 participantes – divididos em 14 equipes, o organizador do evento na UFF, o professor e doutor Esteban Gonzalez Clua, explicou aos “maratonistas” algumas regrinhas básicas de boa convivência (já que as equipes iriam dormir no campus) e as regras da competição em si. Por exemplo: o uso do framework XNA (da Microsoft) era obrigatório.

Também valia desenvolver games em 2D ou 3D. Uma seção do jogo não poderia ultrapassar cinco minutos e o arquivo finalizado deveria ter, no máximo, 250 MB.

É claro que ainda falta o principal: o tema, que só foi revelado no dia da competição, para aumentar o suspense e a gastrite nervosa dos participantes. Os maratonistas virtuais deveriam criar um game rápido, simples e divertido a partir do tema: “As long as we have each other, we’ll never run out of problems”, ou algo parecido com: “Enquanto tivermos uns aos outros, nós nunca fugiremos de problemas”.

Regras anotadas (ou decoradas), laptops e joypads em punho, tema sendo decodificado e adrenalina a mil por hora… É dada a largada! Os grupos já formados brigam e se esquartejam entre si (tudo com muito amor) para chegar à melhor idéia e a galera que ainda estava sem grupo tratou logo de se acoplar (uuiii…) com o colega mais próximo para começar os trabalhos!

Em meio a esse mar de cérebros criativos, eis que surgem alguns raríssimos espécimes do sexo feminino, perdidos num mar de rapazes (que coisa chata, não?). A universitária e garota de Ipanema, Bruna Lombardo, da equipe “Beautiful Yellow Cars”, foi uma das que honraram a galera da calcinha. Com 24 anos, a estudante faz de tudo um pouco quando o assunto é criar games. A menina overpower manda bem na modelagem, programação, desenho e design. Ufa!

“Comecei a trabalhar com games por acaso. No início de 2007 aprendi a usar XNA. Também sou colaboradora da produtora de games Magus Ludens e tenho minha própria empresa, a Essentials Games. Nela já fiz um jogo para a Secretaria de Estado do Rio de Janeiro, criando uma ‘ilha’ dentro do Second Life”, contou a menina prodígio – que produ,ziu junto com seus companheiros de equipe o game Parachutist.

Depois de um fim de semana bem corrido, a maioria dos participantes cumpriu a meta e entregou seus joguinhos para a avaliação dos jurados, que observaram os seguintes quesitos: originalidade, acabamento, adequação ao tema e jogabilidade / diversão. Quem levou o primeiro lugar foi a equipe “Sete da Aiyra” com o game Escape the Drain.

Para o professor Esteban Gonzalez Clua, o mais importante do Global Game Jam não é a competição, mas sim a interatividade que um evento desses proporciona entre os amantes dos games.

“O GGJ nada mais é que um encontro de pessoas que gostam de desenvolver games. Não é uma competição, é uma troca de experiências, uma oportunidade de conhecer pessoas novas com interesses em comum”, disse o professor.

Para mim, entusiasta de games, foi uma grande honra participar de um evento de abrangência internacional e tão divertido como esse, sem puxar o saco de ninguém. Estou sendo sincera! Parabéns a toda comissão organizadora, aos idealizadores do Global Game Jam e, é claro, a todos os participantes que provaram que não é preciso ter milhões de dólares no bolso para fazer jogos divertidos e viciantes!

Global Games Jam 2009 – Jogos / Equipes (RJ):

Tiny Friend Bird / PVP
Gosmotrix / Teras
Pipe Mayhem / Torresminho
Tiny Soldiers – the rise of the mosquitos / Vacavitoria
Gum ‘o’ Flavor / Cachacinha
It Came From The Cave / The_nano_killers
Keep It / Nudetec
These Ain’t Ants / Quarteto_fantastico
Parachutist / Beatiful_yellow_cars
Tribal Snake: together we never fall / Lucid_dreaming
Escape the Drain / Time_sete_da_aiyra

Todos os jogos participantes do Global Game Jam estão disponíveis para download gratuito no site: http://globalgamejam.org/Game_browser

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