Vocação governista

Vive-se a temporada de negociações em torno da formação do novo governo federal. O mesmo vale para o plano estadual, com os primeiros indicativos do governador reeleito no sentido de abrir as discussões para determinar quem será aproveitado no segundo mandato, e quais serão os recebedores do ansiado convite para vestir o fardamento da banda governista.

No cenário de Brasília, a nota mais ouvida dá conta da provável participação majoritária do PMDB no segundo governo de Luiz Inácio, por força da pressão fisiológica bem conhecida dos senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), e do deputado federal Jader Barbalho (PA), grande cabo eleitoral da governadora recém-eleita no Pará, a petista Ana Carepa.

Segundo colunistas políticos, o fato de Jader ter sido decisivo na eleição da governadora aproximou-o ainda mais de Lula, sendo-lhe atribuída a condição de conselheiro bastante procurado e ouvido pelo presidente, causando em alguns políticos há pouco alijados das cercanias do presidente surtos impiedosos da mais torturante inveja. Na mesma linha de raciocínio insere-se o deputado federal Gedel Vieira Lima (BA), antes das eleições, defensor aguerrido da candidatura própria do partido à Presidência, hoje pregador convicto do credo peemedebista de apoio ao governo, desde que os resultados sejam compensadores.

Gedel renovou o figurino ao desembarcar com armas e bagagens na campanha do ex-ministro Jaques Wagner, eleito governador da Bahia no primeiro turno, quando as pesquisas o colocavam num mísero terceiro lugar. Gedel tornou-se uma espécie de fiel da balança dessa estupenda vitória e, por ter inegável influência sobre os chamados ?independentes? da bancada federal, está atraindo para o grupo de apoio o deputado paulista Michel Temer, presidente nacional da legenda.

Assim, o PMDB ocupa o noticiário exaltando o que tem de melhor: a vocação governista. Há quem diga que Lula concederá quatro ministérios ao partido, tirando da conta a cota pessoal de Sarney, que não esconde a pretensão de abocanhar um posto ministerial para a filha Roseana, derrotada para o governo do Maranhão, mas com a metade do mandato a cumprir no Senado. Quem viver, verá.

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