Vocação de poder

Não haveria de ser o PMDB ?velho de governo?, para definir com uma paródia de péssimo gosto seu apego ao oficialismo, a ficar de braços cruzados quando se acende a discussão em torno do formato da nova administração, e da indicação dos presidentes da Câmara dos Deputados e Senado da República.

A distância é abissal entre o PMDB de hoje, no qual está encalacrado de forma irremediável o vezo de pertença ao governo – qualquer que seja ele – e a antiga trincheira que um dia teve como esteios os insubstituíveis Oscar Pedroso Horta, Ulysses Guimarães, Teotônio Vilella e Mário Covas, entre tantos outros brasileiros ilustres que insuflaram a alma da resistência ética e moral num partido ?consentido? pelo arbítrio, para servir como mero pano de fundo a uma falácia travestida de sistema democrático.

O PMDB atual está dividido, e nisto não há a menor novidade, entre ser ou não ser governo, vez que é muito forte o chamamento vindo do Palácio do Planalto, no sentido de arquitetar uma grande coalizão que permita a Lula não apenas maioria folgada no Congresso, mas a indicação de ministros e diretores das principais empresas ligadas à esfera federal.

A moeda de troca mais forte do PMDB em sua conversação com o presidente serão as maiores bancadas no Congresso e os sete governadores estaduais, dos quais apenas o catarinense Luiz Henrique da Silveira apresentava maior desconforto em aderir. Na verdade, a ala não governista se desdobrou nas últimas horas para evitar o desembarque cordato na coalizão pela governabilidade, muito embora os governistas tenham desenvolvido reação contrária em igual – ou maior – intensidade.

Marca melancólica do partido transpareceu na conceituação do deputado paraense Jader Barbalho à condição de principal interlocutor do presidente Lula. O mal-estar é visível com a descortesia do Planalto ao deputado Michel Temer (SP), presidente nacional da legenda, nem por isso merecedor de um convite do gabinete presidencial para ser auscultado quanto à virtual participação do PMDB no governo.

As cartas no partido são dadas por Sarney e Calheiros, que comandam a brigada governista integrada por Romero Jucá, Gedel Vieira Lima e Eunício Oliveira, além de Barbalho.

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