O clima foi de velório no Estádio Manoel Barradas, casa do Vitória. Depois da derrota por 2 a 1 para a Ponte Preta, a torcida Rubro-Negra se arrastava, silenciosa, para fora do estádio. Um funeral simbólico de seu querido Leão, como o time é carinhosamente chamado pela torcida baiana.
Apesar do luto fechado, a torcida baiana ainda teve energia para protestar. Um grupo quebrou um muro de proteção do gramado e os policiais assistiam, impávidos, a outro grupo atirar uma chuva de pedras em direção ao goleiro Lauro, da Ponte Preta.
A única culpa de Lauro foi segurar os poucos chutes a gol do Vitória. Como as pedras não bastaram, os torcedores tentavam invadir o campo. A intervenção da polícia passou a ser mais eficiente e evitou a invasão, com violência nas arquibancadas.
O Vitória lutava para manter uma seqüência de 11 anos na primeira divisão, pois subiu em 1992 e jamais havia caído desde então. A negociação de jogadores importantes, sem planejamento ou reposição destes, contribuiu para o fracasso do tricampeão baiano.
Em campo, o Vitória, afoito, voltou a mostrar os erros que o empurraram para a zona de rebaixamento. Com uma agravante: a necessidade de vencer fez a bola não parar nos pés dos jogadores mais jovens, como Leandro Domingues e Arivelton. Domingues tentou tirar o zero do placar, mas André Cunha salvou a Ponte.
Aos 9 minutos, um lance que o torcedor do Vitória foi obrigado a rever diversas vezes: o goleiro Juninho saiu mal, como ocorre na maioria dos cruzamentos, e levou o gol de Anselmo.
A Ponte, que não lutava contra a degola nem buscava nenhum objetivo, mostrava mais vontade. Mesmo com cinco reservas o time paulista estava à vontade. O Vitória sentiu o gol e o meio-campo passou a errar todos os passes, aumentando o trabalho da defesa.
As jogadas individuais de Obina e Edilson ainda deram alguma esperança ao Vitória. Numa delas, Obina ficou cara a cara com Lauro e errou. Em outra, Obina criou para Edilson, que bateu nas mãos do goleiro.
No segundo tempo, uma falta de Arivelton chamou Lauro de volta ao jogo. Outro lance, Edilson limpou a zaga e bateu, mas a bola passou à direita de Lauro. Até o zagueiro Milton do Ó, que tem pouca intimidade, foi à frente para tentar o empate.
No contra-ataque, Luciano Baiano recebeu com liberdade e meteu uma bomba que subiu muito. Foi Anselmo que ampliou o placar aos 21 minutos, em lance parecido com o primeiro gol e com tantos outros que o Vitória levou, ao longo da temporada. Flávio cobrou na área, Cametá ficou parado, Anselmo entrou pelas costas do zagueiro, dominou, botou no chão, esperou a saída de Juninho e colocou.
O Vitória só diminuiu aos 41 minutos, em uma jogada de Magnum para Obina, mas além de rebaixar o time tricampeão baiano a Ponte manteve o tabu de jamais perder para o Vitória em 12 jogos de história.