A economia brasileira foi tema de ampla reportagem publicada pelo Financial Times, editado em Londres, um dos veículos especializados mais lidos por economistas, investidores, empresários, analistas de mercado e políticos do mundo todo. A matéria saiu no começo da semana, levantando uma questão instigante que terá inevitável desdobramento.

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Citado pela BBC Brasil, o FT afirma que a ?economia brasileira corre o risco de se tornar vítima de seu próprio sucesso?, em grande medida por causa da ?supervalorização do real em conseqüência do aumento das exportações e da perda de competitividade dos setores não exportadores?.

Há dez anos, comentou o FT, quando os mercados mundiais se resfriavam, o Brasil estava entre os primeiros a apanhar uma gripe forte, mas atualmente ?está protegido por grandes reservas internacionais, uma dívida externa baixa e superávits saudáveis em conta corrente?.

O enfoque exposto aos leitores pelo jornal britânico chegou a esboçar uma comparação entre a situação econômica do Brasil e a da Holanda dos anos 70s, ?quando as exportações do recém-descoberto gás natural elevaram tanto o valor da moeda que destruíram a competitividade em todo o resto da economia?.

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O problema logo foi rotulado pelos economistas como o ?mal holandês?, o qual, segundo a matéria, poderá ter equivalência num suposto ?mal brasileiro?, mesmo com o esclarecimento de ?o País, aparentemente, nunca ter estado com a saúde tão robusta?.

A linha de interpretação seguida pelo FT tem fundamento na chiadeira que a valorização do real está produzindo em muitos setores da indústria, além da evidência preocupante da substituição de empregos bem remunerados nos setores de capital intensivo por outros de baixa remuneração no setor de commodities.

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Investidores e credores estão de olho no Brasil, assegura o FT, lembrando que ?a quantidade de dinheiro dirigida a ações e títulos tem um impacto ainda maior sobre o real do que o comércio?. Pelo futuro da estabilidade, o jornal recomenda vigilância máxima sobre a luz vermelha das repentinas mudanças de humor dos mercados. Para vários entrevistados, não mais que de repente, a ?bolha? dos investimentos poderá estourar.