A família de Camila Magalhães Lima, de 20 anos, tetraplégica há oito, desde que foi atingida por uma bala perdida, recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar fazer um implante de células-tronco em Portugal, depois que o Tribunal de Justiça do Rio negou dois pedidos de tutela antecipada da indenização que a jovem pleiteia, alegando que a operação não é urgente. "É uma falta de sensibilidade total", criticou a mãe de Camila, Ana Lúcia Magalhães Lima.

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"A Justiça não sabe o que é passar oito anos numa cadeira de rodas. " A estudante foi aprovada para receber o implante de células-tronco num estudo desenvolvido pelo Hospital Egas de Moniz, em Lisboa. A operação está marcada para o dia 30 de setembro e ela tem de estar lá três dias antes.

Para ser admitida no hospital, a paciente tem de fazer um depósito de 35 mil euros (quase R$ 96 mil). Os pais não dispõem do dinheiro. Por isso, pediu na Justiça a liberação de parte da indenização que Camila requer dos comerciantes cujos seguranças trocaram tiros com bandidos, provocando seus ferimentos, naquele 3 de setembro de 1998.

O advogado João Tancredo, que defende a jovem, explicou que a 5ª Câmara Cível do Rio entendeu que a cirurgia era eletiva e poderia ser realizada a qualquer momento, não havendo necessidade da antecipação da tutela. "Não compreenderam que o resultado da cirurgia é demorado; portanto, ela tem que ser realizada o mais rápido possível". A antecipação permitiria que o dinheiro fosse entregue à vítima mesmo antes da apreciação final da Justiça sobre caso.

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A agonia de Camila e de sua família aumenta quando ela fica sabendo, pela internet, dos avanços obtidos por outras pessoas que passaram pelo implante. Alguns já conseguiram voltar a andar; outros recuperaram parte dos movimentos dos membros inferiores ou, ao menos, alguma sensibilidade. "Eu não quero que minha filha perca as esperanças", disse a mãe da estudante. Além de lutar no STJ, Ana Lúcia pede a ajuda de empresas, para que façam doações. A família precisa de 5 mil euros (R$ 13.700), além do valor da cirurgia, para as passagens aéreas e remédios que Camila possa vir a precisar.

A jovem foi baleada em Vila Isabel, na zona norte do Rio, quando voltava da escola. Tudo começou com um assalto a uma joalheria. Os seguranças da loja reagiram e houve troca de tiros. O pescoço de Camila foi atingido e ela perdeu os movimentos dos braços e das pernas. Graças ao tratamento a que vem sendo submetida e ao seu esforço, ela já mexe os braços e as mãos e dá alguns passos, com ajuda de aparelhos.

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A cirurgia realizada pelos médicos portugueses consiste na retirada de células da mucosa olfativa do paciente e implante na região afetada pela lesão. Lá, elas se multiplicariam e poderiam assumir as funções perdidas.