Os proprietários das 55 casas interditadas pela Defesa Civil vão poder acompanhar a vistoria em seus imóveis, que começará às 10 horas desta segunda-feira (15). Eles terão de assinar o laudo da Prefeitura paulistana. Ontem à noite, a Defesa Civil Municipal realizou, das 19 às 22 horas, reuniões nos quatro hotéis da zona oeste onde estão hospedadas as 132 pessoas obrigadas a deixar suas casas após o acidente em Pinheiros por conta do risco de novos desabamentos. Segundo a Assessoria de Imprensa da Defesa Civil, o clima durante os encontros foi calmo . ?O trabalho, agora, é de liberação dessa área (interditada)?, disse o coronel Jair Paca de Lima, coordenador-geral da Defesa Civil. A meta da Prefeitura é terminar as vistorias em 48 horas, contadas a partir de hoje. O comércio da Rua Capri também vai voltar ao normal nesta manhã.
Duas casas geminadas na Rua Capri, onde fica o canteiro de obras que desabou, serão demolidas. Maria do Carmo Moreira, de 72 anos proprietária e moradora do imóvel 187, disse que ela e a vizinha, Carmem Leoni, da casa 87, começam hoje a procurar novas residências. Maria do Carmo lamentou pelos pertences que perdeu. ?Só deu para tirar algumas roupas e os meus cristais, mas perdi muita coisa de valor histórico.? Ela disse que ainda que está chocada com o acidente porque tinha um compromisso marcado para as 15 horas da sexta-feira e passaria pelo local no momento do desabamento. ?Ficou tudo lá: livros, utensílios, mas pelo menos eu escapei?. Maria do Carmo conta que a vizinha teve pior sorte porque não conseguiu salvar nada. ?Ela (Carmem) está se sentindo derrotada.? Segundo ela, Carmem quis ficar no hotel porque tem uma cachorrinha e preferiu se hospedar na casa de uma conhecida.
Aniversário
Em um dos hotéis onde estão hospedados os moradores que tiveram suas casas interditadas ocorreu a festa de aniversário de Andréia Andrade Bordaz de Souza, de 34 anos. O clima, porém, não foi de comemoração. Um bolo comprado na padaria e as visitas esparsas dos parentes lembravam a todo o instante que casa de Andréia fora demolida no dia anterior.
Ela morava na Rua Capri, número 162, próxima à cratera aberta na sexta-feira. Não se sabe até quando a família Bordaz e outros moradores da região ficarão em hotéis.
Ontem, por volta das 14 horas, Jorge Bordaz, irmão de Andréia, reuniu-se com representantes do Consórcio Via Amarela, responsável pelas obras do metrô. ?Eles nos garantiram toda a assistência e que, nesta semana, trarão monitoras para cuidar dos meus dois sobrinhos, porque aqui não tem área de lazer?, disse. As crianças têm 6 meses e 2 anos.
A família ainda se recupera do trauma do acidente. Quando o desmoronamento começou, o pai de Bordaz tentou abrir o portão da casa e não conseguiu. ?Começou a cair tudo. O portão estava travado, nós empurramos e saímos com a família toda em direção ao prédio da Editoral Abril?, contou Bordaz. Ele ainda teve tempo de buscar seu carro e, depois de algumas horas, a família estava instalada em um hotel.
Essa lembrança foi mais forte na primeira noite. Agora, os moradores da primeira casa demolida por conta do acidente estão resignados. ?Estamos acompanhando a estabilização da grua e preocupados com o socorro das vítimas?, disse Bordaz.