Virgílio diz que se houve irregularidades, Valério não cometeu sozinho

O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) confirmou hoje (30) em São Paulo que apresentou o empresário Marcos Valério de Souza ao tesoureiro de seu partido, Delúbio Soares, e que ficou surpreso com as denúncias feitas pelo petebista Roberto Jefferson (RJ) a respeito do suposto pagamento de "mensalão" a parlamentares. "Custo a acreditar que isso tenha ocorrido. Mas acho evidente, se é que isso aconteceu, que ele (Valério) jamais poderia fazer sozinho porque são questões derivadas do poder" , disse o petista. Para ele, "alguém do poder é que operou isso."

Apesar de serem amigos de infância – os dois nasceram em Curvelo, uma pequena cidade mineira -, Guimarães disse que está afastado de Marcos Valério há algum tempo, porém não estão rompidos. "Talvez por ter se aproximado de pessoas que não têm afinidade comigo, exatamente o grupo no PT que eu confronto, ele tenha optado por se afastar", justificou. "Mas eu prefiro acreditar que tudo isso não passe de uma invenção. Mesmo que seja do grupo que me perseguiu e me confronta, prefiro acreditar que não tenham cometido atos tão graves."

O parlamentar, que participou na manhã de hoje, em São Paulo, de um debate sobre a Reforma Tributária, com secretários estaduais de Fazenda, disse que o PT precisa aprender a não ser um partido acima do bem e do mal. "É um partido que tem de saber resolver problemas, inclusive os seus próprios." Guimarães considerou um erro a manutenção de Delúbio e do secretário-geral Silvio Pereira, na direção da legenda. "Acho que eles e toda a direção, inclusive o Genoino (presidente nacional da legenda, José Genoino) e o Marcelo Sereno (secretário de comunicação), deveriam ser substituídos por uma comissão diretora neutra." No seu entender, isso ajudaria na questão da CPI e na sucessão interna do próprio PT.

Rebelde

O deputado, que sofreu punição de um ano e não pode participar de qualquer decisão do partido porque lançou candidatura avulsa à presidência da Câmara, refuta a pecha de "rebelde", alegando que sofreu um golpe dentro da legenda. "Fizeram tudo para me derrotar e tentaram me expulsar. Foi o senhor Silvio Pereira, o senhor Delúbio, este pessoal." Mesmo com essa rusga, ele disse que essas pessoas, "por mais equivocadas que sejam", são do partido e, por isso, espera que elas não sejam desonestas. "Eu assinei a CPI e espero que as investigações sejam feitas a fundo e a verdade esclarecida."

Sobre a imagem do PT diante de todas as denúncias, ele citou: "Não sei se o cristal arranhou ou trincou. Mas, neste momento, não está brilhando como antes." Num tom irônico, Virgílio classificou a volta do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, à Câmara como "uma entrada muito forte". E declarou: "Eu não assisti, preferi visitar a mãe de um amigo no hospital porque sabia da grande possibilidade de acontecer claques daquele tipo, que eu não queria participar." Apesar da ironia, disse que Dirceu poderá colaborar para o funcionamento da bancada e ajudar a esclarecer as dúvidas que pairam nas CPIs sobre pessoas do PT.

Virgílio Guimarães criticou, ainda, a maneira de agir do chamado campo majoritário petista (composto por Dirceu, Genoino, Delúbio, Pereira e Sereno, entre outros). "Este ano foi uma sucessão de erros, um atrás do outro, como decorrência da prepotência, da arrogância e da sensação que alguns têm de auto-suficiência exagerada." Mas disse que as críticas não o tiram de um aspecto central: "Todos temos de voltar a reconstruir a esperança porque o governo que está aí (do presidente Lula) foi construído em torno de um novo projeto de Brasil que está acima das pessoas."

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