Violência, emprego e renda

Assistimos, estarrecidos, no final de 2007, às estatísticas que nos revelam números alarmantes. Foz do Iguaçu, a nossa querida cidade, está no topo da violência no Brasil. Recentemente o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – no seu Mapa da Violência, apontou Foz como ?campeã? de ocorrências na população jovem (223,3 por 100 mil habitantes)

Dados do Instituto Médico-Legal (IML) local e de um livro fruto da pesquisa de professores e alunos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), da União Dinâmica de Faculdades Cataratas (UDC) e Uniamérica, mostram que o número de jovens com até 18 anos assassinados em Foz do Iguaçu nos últimos anos cresceu 74%. Os números, presentes em uma pesquisa publicada no livro Abandono, Exploração e Morte, evidenciam a escalada da violência entre adolescentes na cidade de 310 mil habitantes, onde foram registrados 328 homicídios em 2006, incluindo adultos e jovens – um recorde histórico.

Dados de um estudo sobre a violência em Foz do Iguaçu apontam que 90% dos criminosos têm baixa escolaridade, sendo que grande parte sequer concluiu o primeiro grau. A maioria das vítimas e dos agressores tem idade entre 25 e 39 anos, indicando tratar-se de pessoas em idade ativa para o trabalho. A pesquisa foi desenvolvida pelo Nuprev – Núcleo de Pesquisa e Prevenção à Violência de Foz do Iguaçu em parceria com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).

A tendência, segundo especialistas, é que Foz pode atingir, se o descaso continuar, a incrível taxa de 100 homicídios para cada 100 mil habitantes, índice quatro vezes superior à média nacional, que é de 24 homicídios/ano para cada 100 mil habitantes. ?A incidência é alarmante e a sociedade não pode continuar entendendo isso como se fosse normal. A cidade tem que procurar a saída?, acentuou o sociólogo e professor da Unioeste José Afonso de Oliveira, em entrevista à repórter Denise Paro.

A terra das cataratas não merece isso. O próprio presidente Lula, que por várias vezes demonstrou seu carinho por Foz, lamenta o estágio de degradação social em que nos encontramos. Lula está de braços abertos para ajudar Foz no que for preciso. Para isso, basta que lhe apresentem projetos adequados.

Urge, portanto, uma mudança na forma de ação do poder público municipal. O município pode, sem dúvida, fazer a sua parte para reduzir os níveis de violência em nossa cidade.

Sabe-se, segundo os mesmos estudos realizados sobre a violência em Foz, que a maioria das vítimas ou mesmo as pessoas que cometem crimes, não tiveram acesso às salas de aula. Outra parte considerável não dispõe de emprego ou alguma forma de geração de renda. E o governo municipal tem conhecimento desses números. No entanto, sequer apresenta projetos adequados junto ao governo federal para obter os recursos necessários à realização de medidas para combater a criminalidade.

É certo que precisamos agir na prevenção, reivindicando mais efetivo. Contudo, só isso não resolve. O crime está muito mais arraigado na questão social devido à falta de emprego e renda, ocasionada com o fim do ciclo de Itaipu, a repressão ao comprismo e à explosão demográfica registrada nos últimos 30 anos.

O prefeito de Foz tem diversos meios de ação para resolver o problema. Poderia, por exemplo, diagnosticar melhor a situação. Em vez disso, insiste na mesma tecla (exigindo mais policiais), sem idéias inovadoras, mantendo-se fiel à sua formação militar.

A saída consiste em buscar uma solução alternativa. Devemos levar esses dados aos governos estadual e federal, com projetos viáveis para captar os recursos necessários à estruturação da cidade, gerando milhares de empregos, através de projetos viáveis como o transporte fluvial – com portos intermodais -, extensão da Ferroeste, construção de mais portos secos, construção da Perimetral Leste e duplicação da Rodovia das Cataratas.

Além disso, devemos investir mais no turismo com a construção dos parques lineares, principalmente dos rios Boicy e Paraná e desenvolvendo um grande projeto de paisagismo. Ações assim, com certeza, aumentarão o tempo de permanência do turista na cidade. Outro fator importante é a industrialização da cidade, agregando valores aos produtos que circulam pela tríplice frronteira e fortalecendo a economia local.

Estas sim, são formas de devolver a dignidade ao nosso povo, promovendo o desenvolvimento sustentável com qualidade de vida. Mas o que vemos atualmente é o prefeito jogando a culpa nos governos estadual e federal. Ora, precisamos é de ação e não de bravatas.

Acredito que está na hora de reunirmos os diversos setores da sociedade iguaçuense – independente de cores partidárias – para discutirmos uma alternativa para solucionar de vez o problema da violência na cidade. O bem coletivo deve estar acima do bem-estar individual. Carecemos de uma gestão participativa, onde a maioria da população seja ouvida e tenha suas reivindicações atendidas. É preciso governar para o conjunto e não pela minúcia.

Dilto Vitorassi é suplente de deputado federal e presidente do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores de Foz do Iguaçu.

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