Mais de treze mil idosos morreram no Brasil em 2000, vítimas de acidentes de trânsito, quedas, homicídios e suicídios. Esse número representou uma média de 37 óbitos por dia, dos quais 66,12% foram de homens e 33,87% de mulheres. Os dados fazem parte do livro "Violência contra idosos: o avesso do respeito à experiência e à sabedoria", lançado nesta quarta-feira (24) em Brasília.
A publicação mostra que a violência contra os mais velhos é fenômeno recente no mundo e no Brasil. De acordo com a autora da obra, Maria Cecília Minayo, é preciso tornar esse problema uma prioridade na pauta das questões sociais. "Hoje o idoso é um ator social de fundamental importância no país. No entanto, a questão dos idosos é nova e temos pouquíssimos trabalhos que falam da violência que vem ocorrendo", ressaltou Minayo.
Atualmente, o Brasil apresenta uma população de quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse total, 43% têm renda per capita abaixo de um salário mínimo e 30,4% ainda trabalham para se manter.
Para o subsecretário de Direitos Humanos da Presidência da República, Perly Cipriano, que participou do lançamento do livro, é preciso criar uma cultura de valorização e respeito aos idosos, onde o envelhecimento deve ser encarado como um processo natural.
"É necessário se preparar para o envelhecimento da nossa sociedade, essa é uma tendência mundial. Não encarar o idoso como um problema, mas sim como processo natural dentro da sociedade. Para isso é necessário mudar a cultura e essa mudança pressupõe escrever, discutir, debater e não fazer política para os idosos, mas com os idosos".
Cecília Minayo destacou ainda que a sociedade precisa se conscientizar da importância da população mais velha. "O envelhecimento faz parte de um processo que a sociedade brasileira está vivendo, não é uma chuva que vai passar, é uma realidade concreta para a qual a sociedade deve estar atenta", afirmou.
O livro traz também um retrato da situação do idoso, sugere políticas preventivas e contém dados sobre o crescimento da terceira idade no país. A obra é uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
