Vinhos novos em odres velhos: tecnologias e professores

O professor José Manoel Moran nos diz que a tecnologia pode nos auxiliar a ?reencantar? a educação, proporcionando oportunidades para professores e alunos maravilharem-se com o mundo e com nossa capacidade de descobrir, criar e aprender.

Assim uma questão essencial no campo das tecnologias aplicadas à educação é a preparação dos professores para o uso desses recursos de forma adequada às novas propostas pedagógicas em discussão e implantação.

As escolas se sentem pressionadas para adotar novos meios, tanto pela difusão das tecnologias na sociedade quanto pelos próprios alunos, que demandam novas formas de ensino, mais dinâmicas e envolventes. Muitos pais também esperam que a escola se renove, pois desejam para seus filhos uma educação mais próxima da vida e de suas necessidades. Porém a incorporação de novas tecnologias e meios no cotidiano do ensino não tem sido um caminho fácil de trilhar.

Muitas vezes respondemos às pressões ?domesticando? o que nos parece diferente e ameaçador. Os professores tendem a se apropriar de novas tecnologias reduzindo-as a simples formas, tecnicamente mais sofisticadas, dos meios que já utilizavam. Assim estamos presenciando a substituição do ?retro-professor? (o do retroprojetor) pelo ?power-professor? (o do PowerPoint e dos projetores multimídia), sem que se percebam mudanças significativas na prática pedagógica e nas formas de ensinar e aprender, que continuam expositivas, informativas e transmissivas.

A sabedoria antiga nos adverte que não se deve colocar ?vinho novo em odres velhos?.

Temos testemunhado situações nas quais as novas tecnologias são ajustadas a velhas propostas pedagógicas. Não passam, muitas vezes, de novas roupagens para figuras há muito desbotadas.

Quem já não se entediou terrivelmente com uma aula conduzida com recursos apresentados como sendo ?a última palavra?, mas que acabou se revelando mais cansativa e desintessante do que as aulas tradicionais?

O professor Moran diz também que ?as novas tecnologias ampliam os bons professores?. Uma maneira polida de dizer que o mau professor pode dar aulas ainda piores quando utiliza tecnologias sem mudar de modelo pedagógico ou sua atitude frente aos alunos.

Hoje nos perguntamos se um bom professor pode ancorar sua prática no uso de tecnologias educacionais e assim ampliar os bons resultados que, como bom professor, já obtinha com os recursos tradicionais aos quais tinha acesso.

Nesse quadro, a importância da capacitação adequada e permanente dos professores não pode ser subestimada. No território das tecnologias educacionais, a formação docente contínua é essencial, dada a natureza desses meios e a velocidade com que se desenvolvem e se difundem na sociedade.

Aos educadores cabe investigar quais seriam os ?odres novos? dos quais necessitamos para podermos aproveitar as possibilidades abertas pela tecnologia, sem reduzi-la ao papel de simples enfeite ou de complemento de aulas presas a modelos pedagógicos que já deveríamos ter superado há muito tempo.

Antonio Simão Neto (simao@interfacesonline.com.br) é do Instituto Interfaces.

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