Rio (AE) – O ator Francisco Milani morreu na madrugada de hoje (13), no Rio, aos 68 anos, em decorrência de um câncer. Ele estava internado havia dez dias no Hospital Barra D’Or, em estado grave. A doença já estava em fase de metástase. Em cerca de 50 anos de carreira, Milani se destacou como humorista. Fez novelas, filmes, peças de teatro, dublagens e ainda se dedicou à política: foi vereador e candidato a vice-prefeito do Rio de Janeiro.
Segundo o boletim médico, o ator morreu à 1h10, de edema pulmonar e insuficiência renal aguda, causadas pela doença. Ele tinha um câncer no reto. O corpo será cremado amanhã (14), às 11 horas, no crematório do Caju.
A saúde de Milani vinha se deteriorando havia alguns anos. Em 2003, ele foi submetido a uma cirurgia no intestino. A recuperação foi rápida: em pouco tempo ele subia ao palco para encenar "A Morte de um Caixeiro Viajante".
Seus últimos trabalhos na TV Globo foram como comediante: no "Zorra Total" e em "A Grande Família". No primeiro, interpretava Saraiva, um homem mal-humorado que se irritava com perguntas que considerava estúpidas e respondia que tinha "tolerância zero". Na "Grande Família" era o tio Juvenal, o "tio mala".
Francisco Ferreira Milani nasceu em 19 de novembro de 1936, em São Paulo. Na Globo, fez novelas como "Irmãos coragem", "Selva de Pedra" e "Vamp". No seriado "Armação Ilimitada", era o temido chefe da personagem Zelda Scott (Andreia Beltrão). Trabalhou também em humorísticos como a "Escolinha do Professor Raimundo" e "Viva o Gordo", que chegou a dirigir.
Ele participou de filmes como "Terra em Transe", "Eles não usam Black-tie" e "O coronel e o Lobisomem", que estréia em outubro. Como dublador, fez recentemente "Eliana e o Segredo dos Golfinhos". Milani dublou também desenhos animados e trabalhou como narrador de programas, como o "Casseta e Planeta".
"Era um grande ator, não só comediante, e um amigo. No filme, ele participava ativamente das discussões. Era atuante politicamente e demonstrava preocupação com o Brasil", disse o cineasta Zelito Viana, que foi produtor executivo de "Terra em Transe".
Milani era militante do PCdoB. Na década de 90 foi vereador na capital do Rio, onde morava. Em 2000 candidatou-se a vice-prefeito na chapa de Benedita da Silva (PT). Na época, pouco antes do pleito, disse que ser famoso não era certeza de êxito nas urnas. "Ser conhecido do público não significa que estou eleito. Convencer o público são outros quinhentos", brincou.
A morte de Milani emocionou companheiros de partido, como a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que destacou suas posições firmes. "O Milani era uma pessoa muito generosa, muito coerente. Nunca vi na vida ele mudar suas opiniões por nenhum espaço pessoal." (Colaborou Alberto Komatsu)