Vida de brasileiros em Londres está cada vez mais difícil

Londres (AE) – A vida para os imigrantes brasileiros está cada vez mais difícil na Grã-Bretanha. A imigração está apertando o cerco aos ilegais e o acesso a serviços públicos, como educação e saúde, está mais árduo. Mas comparando-se com a situação enfrentada pelos brasileiros nos Estados Unidos e Japão outros dois países abrigam grandes comunidades brasileiras, a situação ainda é um pouco mais tranqüila.

Após a entrada de dez novos países na União Européia, o Brasil subiu para o topo da lista dos países que são fontes de imigrantes ilegais no país. Com isso, os brasileiros passaram a chamar mais a atenção das autoridades de imigração britânica, que estão apertando o cerco contra a comunidade. Desde o final do passado, o número de brasileiros deportados ao desembarcar no país não pára de crescer. No início deste ano, o governo britânico chegou a cogitar a possibilidade de voltar a exigir um visto prévio para os brasileiros, mas desde então parece ter abandonado a idéia.

Segundo relatos de brasileiros, o tratamento aos brasileiros na imigração britânica muitas vezes ameaça arranhar as regras internacionais. Mesmo assim, a colônia brasileira não pára de aumentar.

Segundo estimativas conservadoras, vivem hoje, apenas em Londres, cerca de 100 mil brasileiros, mas fala-se em mais 150 mil. O cônsul-geral do Brasil, embaixador Fernando Mello Barreto informou que o atendimento médio diário de brasileiros saltou de 70 pessoas em 2001 para 350 no ano passado. "E não pára de crescer", disse Barreto. "Estamos acompanhando atentamente esse processo."

Ao contrário dos Estados Unidos, onde os imigrantes tentam entrar ilegalmente no país correndo sérios riscos na fronteira com o México, no Reino Unido eles entram na ilegalidade após permanecerem no país com um visto limitado de estudante. Após esse período, muito decidem obter passaportes falsos, em sua maioria portugueses ou italianos, que garantem uma vida mais fácil dentro do país. Hospitais, escolas e outros serviços públicos estão cada vez mais exigindo documentos que provem a legalidade dos imigrantes brasileiros antes de atendê-los.

Diante desse obstáculo, muitos em situação irregular ficam marginalizados. Segundo a embaixada brasileira, número de brasileiros detidos pela polícia também vem aumentando gradualmente.

O brasileiro Cleverson Souza, de 36 anos, profere palestras para brasileiros recém-chegados ao país ou que buscam uma colocação profissional, um serviço chamado Survive, mantido por igrejas evangélicas. "Há três tipos básicos de brasileiros na Grã-Bretanha", disse Souza, autor de uma tese de mestrado justamente sobre a imigração brasileira. "O primeiro é formado por aqueles que vêm principalmente estudar, oriundos principalmente da classe média. Há também a turma que vem trabalhar, ganhar dinheiro mesmo na ilegalidade. E por fim há os aventureiros, que chegam sem um objetivo específico mas que muitas vezes acabam ficando." Em seus contatos, Souza vem constatando uma crescente insatisfação na comunidade.

Mas apesar dos problemas, os brasileiros garantem que as coisas no reino são muito melhores do que nos Estados Unidos. Do outro lado do Atlântico, o tratamento reservado aos imigrantes ilegais é similar ao policial e muito mais agressivo. No Japão, o acesso aos serviços públicos e a inserção na sociedade é extremamente dificultada. "Por isso que o fluxo de brasileiros para cá não para de crescer", avalia Souza. "Aqui ainda é mais fácil de encontrar um emprego e a imigração não assusta tanto. Mas isso está mudando."

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