Vice-presidente se exalta ao rebater denúncia sobre juro favorecido

O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, aproveitou uma reunião sobre os problemas das Forças Armadas, na manhã de hoje (14), no Senado, para rebater críticas de que a empresa dele, a Coteminas, recebeu financiamentos oficiais com juros menores que os cobrados de outros grupos privados. Em discurso exaltado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, ele disse que a denúncia "tem dedo" de quem não quer que ele fale da redução da taxa de juros, sem citar nomes. "Cara de pau eu seria se estivesse ao lado da política monetária, pois ela me favorece e quebra meus concorrentes", disse. "Tenho de continuar falando mal dessa política de juros, que mata a economia, isso é um crime."

Depois de afirmar, na semana passada, que não disputará nenhum cargo na eleição de 2006, ele voltou atrás. "Não sou candidato, mas os patifes não me farão correr, se eu for chamado serei candidato", afirmou em voz alta e levantando o braço. Ele é filiado ao PRB, partido ligado aos bispos da Igreja Universal. Próximos ao vice, os comandantes da Marinha, Roberto Albuquerque do Exército, Francisco Albuquerque, e da Aeronáutica, Luiz Carlos da Silva Bueno, ficaram em silêncio, demonstrando certa surpresa com o desabafo do vice-presidente.

Alencar chegou a criticar a letra do Hino Nacional ao comentar sobre a política de juros. "Temos de despertar do berço esplendido porque falta pão no Brasil", disse. "É preciso perder o medo de ser feliz e achar que precisamos da taxa de juros como instrumento de combate à inflação."

O vice afirmou que a falta de recursos para modernizar as Forças Armadas é resultado também do "diabo" da política de juros. "Esse instrumento (taxa de juros) é danoso e responsável por estarmos aqui gritando que em casa não falta pão", disse. Ele ainda reclamou do aumento da carga tributária, que pulou de 27% para 36% de 1995 a 2002.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) lembrou, no final da reunião, que o Comitê de Política Monetária (Copom) iria se reunir à tarde para avaliar a questão dos juros. "Nunca houve fala minha contra o Copom, que é um órgão técnico. Mas a decisão não é técnica, é política", disse. "Responsabilidade não se transfere."

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