O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manteve informado, durante a manhã,
dos acontecimentos no Congresso, em Brasília. Ele recebeu dos ministros Aldo
Rebelo, da Coordenação Política, e José Dirceu, da Casa Civil, logo após ter
chegado ao Japão, a notícia sobre a confirmação das assinaturas pela instalação
da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai apurar denúncias de corrupção
nos Correios.
O relato é do vice-líder do governo na Câmara, Beto
Albuquerque (PT-RS), que acompanha, juntamente com outros parlamentares, a
viagem de Lula ao Japão. Segundo o vice-líder, Lula está "tranqüilo" com a CPI e
"não emitiu opinião sobre o assunto".
Albuquerque disse que o Brasil
aceita a instalação da CPI como um fato normal e que agora vai indicar
parlamentares para participar da comissão: "Tentamos. Como não conseguimos,
agora vamos tratar a CPI como um fato da normalidade democrática". O deputado
ressalvou que, apesar da disposição de indicar parlamentares para a comissão, o
governo não terá controle da
situação: "CPI é algo muito difícil de
controlar".
Albuquerque criticou o que considera uma "manobra" da
oposição na Comissão de Constituição e Justiça do Senado para "ampliar as
atribuições da CPI de última hora": "Foi feito com pressa e malandragem na CCJ,
com claro objetivo de desestabilização". O senador Eduardo Siqueira Campos
(PSDB-TO) aproximou-se dos repórteres quando Albuquerque falou em malandragem:
"A grande malandragem nessa CPI foi cometida dentro dos Correios por aquele
funcionário", disse Campos.
O vice-líder reiterou que haverá apuração do
caso e acrescentou: "Se não é malandragem, é esperteza". Siqueira completou: "E
o PT ajudou bastante". Albuquerque reconheceu que "o PT é um problema, mas é um
problema de 20 parlamentares. A base é de 280". "Não é justo que se fique só
atribuindo ao PT as responsabilidades", disse. Ele ressalvou: "Mas, quando o PT
não fecha questão, dá mau exemplo e estimula a deserção".
O deputado
João Herrmann Neto (PDT-SP) disse que a crise aberta com o caso de corrupção nos
Correios e a formação da CPI indicam um "risco sistêmico" de "crise
institucional", pelo perigo, segundo ele, de que o governo assuma um discurso
menos prudente e "mais populista, menos conseqüente". Para Hermann, a formação
da comissão indica problemas na relação do governo com o Congresso: "A CPI é uma
ferida maltratada, uma porta de entrada para infecções", disse ele.
