A cordata população que vê sugada, sem a menor piedade, quase metade da renda mensal pela via dolorosa de impostos diretos e indiretos, por questão de justiça e merecimento, deveria receber ampla informação do governo, não apenas sobre a atuação de seus principais órgãos, mas da razão de ser da existência de cada um.
Afinal, a estrutura organizacional dos serviços devidos à sociedade é mantida graças ao sistema draconiano de cobrança de tributos imposto sobre a classe média, que paga sem tugir nem mugir.
Para que serve, de fato, instituição como o Ibama, tendo em vista o descalabro da extração ilegal de madeira de terras indígenas ou áreas de proteção ambiental da Amazônia? Ora, se o governo gasta dinheiro para manter estrutura ineficaz e alheia à sua missão precípua, não é um contra-senso? Que vantagem traz à manutenção das florestas a existência de órgão omisso, viciado e subvertido pela trama da burocracia estatal?
Mais terríveis, todavia, são as notícias recentes de diretores e altos funcionários do Ibama deixando-se seduzir pelo mecanismo invencível da corrupção, empalmando propinas para fazer vistas grossas aos crimes ambientais. A Polícia Federal prendeu 87 pessoas envolvidas na extração ilegal de madeira no Mato Grosso, entre elas o secretário estadual do Meio Ambiente, Moacir Pires, e o gerente-executivo do Ibama em Cuiabá, Hugo Werle.
Cabe ao governo agir com destemor e prontidão, cortando fundo na própria carne para impedir o avanço do carcinoma.