O Consórcio Via Amarela, responsável pela construção da Linha 4 (Amarela), reivindica do Metrô de São Paulo o pagamento de R$ 184 milhões relativos à mudança do método construtivo em parte do trajeto de 13 quilômetros entre a Vila Sônia, na zona sul, e a Luz, no Centro. Produzido por engenheiros do Metrô, o projeto original previa a utilização de dois tatuzões (equipamento que perfura, retira a terra e, ao mesmo tempo, escora as paredes com concreto) no trabalho de escavação. Pouco antes do início das obras, porém, optou-se pelo método NATM, que usa explosivos, escavadeiras e jateamento de concreto.
A primeira versão apresentada pelo governo estadual e Consórcio Via Amarela foi a de que a decisão de alterar o método construtivo foi tomada após sondagens mais detalhadas do solo nas imediações do Rio Pinheiros. Devido à presença de rochas fragmentadas, o tatuzão teria sido desaconselhado no trecho entre o pátio Vila Sônia e a região do Rio Pinheiros, pois havia risco de travamento do equipamento.
O Jornal da Tarde apurou que também pesou o fato de, até aquele momento, o Metrô não ter obtido, na Justiça, as desapropriações das áreas que seriam usadas como canteiros de obra.
O Metrô ficava impedido de anunciar o início da construção de uma das linhas mais aguardadas pelos paulistanos. O Via Amarela, por sua vez, perdia dinheiro tendo de manter operários e maquinários parados. Foi então que engenheiros do consórcio entregaram ao Metrô o projeto de alteração do método construtivo. À época, o ex-presidente da companhia Luiz Carlos Frayse David aceitou a proposta, mas sem mudança de prazos e de valores.
A primeira ‘cobrança’, no valor de R$ 86,5 milhões (equivalente a 5% do valor do contrato), foi feita em 2004. Na ocasião, o departamento jurídico do Metrô reiterou que não aceitaria mudanças de valores. No fim do ano passado, o Via Amarela voltou a reivindicar o ressarcimento pela mudança de método.
Dessa vez são pleiteados R$ 184 milhões (10% do valor do contrato). Após o acidente na futura Estação Pinheiros, em janeiro, que matou sete pessoas, as duas partes decidiram suspender temporariamente as discussões. Se o impasse continuar, a questão seguirá para uma câmara internacional de arbitragem. O que for decidido nela tem de ser acatado. O gerente jurídico do Metrô, Sérgio Aveleda, afirma que a companhia manterá sua decisão.