A cratera da Rua Capri se abriu apenas dois minutos depois de os operários da obra do Metrô da capital paulista ouvirem um "forte estrondo" e deixarem às pressas o túnel de 38 metros de profundidade. Dos 25 funcionários que trabalhavam nas escavações da futura Estação Pinheiros, 18 escaparam usando o elevador que dá acesso ao poço vertical. Os outros sete saíram correndo e, por pouco, não foram soterrados. O forte deslocamento de ar fez com que eles fossem arremessados para dentro do túnel.
Foi com esse relato, transmitido pelos próprios funcionários da obra, que os representantes do Consórcio Via Amarela justificaram ontem o fato de não terem conseguido isolar a área vizinha ao canteiro. "Havia um plano de evacuação. Mas não tivemos tempo de colocá-lo em prática", afirmou ontem Celso Rodrigues, coordenador de Produção do Via Amarela, na primeira entrevista concedida por alguém do consórcio – o acidente completa uma semana hoje.
Em uma condição normal, disse, seria preciso dez minutos para interromper o trânsito, evitando que o microônibus e pedestres fossem engolidos pela cratera. Embora não descartem a hipótese de erros de projeto e falha humana, representantes do Via Amarela negaram qualquer tipo de manobra administrativa para baratear a obra.
Segundo Rodrigues, o projeto básico do Metrô – baseado nos dados coletados em dez furos de sondagem do solo – indicavam que, na escavação dos túneis, seria preciso instalar tubos metálicos para dar sustentação à estrutura. Na elaboração do projeto executivo, porém, o consórcio fez mais 16 furos de sondagem e percebeu que o método mais eficaz seria com a colocação de cambotas (malhas de aço entrelaçadas). "Isto encareceu a Estação Pinheiros em 25%", disse Wagner Marangoni, gerente de Administração Contratual do consórcio.