Os presidentes da Vivo, Roberto Lima, e da TIM, Mario Cesar Pereira de Araujo, disseram hoje, em sessão da CPI do Tráfico de Armas, que a extensão do desligamento das antenas de celulares para áreas próximas a todas penitenciárias do País vai prejudicar de 15 milhões a 18 milhões de pessoas. No Brasil existem cerca de 90 milhões de celulares em operação. O presidente da Vivo disse que, em São Paulo, 300 mil pessoas estão tendo problemas para falar em seus aparelhos.
Após a onda de ataques e rebeliões liderados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). foram desligadas as antenas próximas aos presídios nos municípios de Araraquara, Avaré, Iaras, Franco da Rocha, Presidente Venceslau e São Vicente. Os 300 mil representam 40% das populações nesses municípios. A medida foi adotada sexta-feira passada pelas empresas de telefonia nesses municípios, em cumprimento de uma determinação judicial.
Os presidentes das duas companhias defenderam, como medida mais apropriada, a instalação de detectores de metal e aparelhos de Raio-X para impedir que os celulares entrem nos presídios. Ambos disseram, na CPI, que o bloqueador de celulares não é a melhor opção.
O presidente da TIM afirmou que não há garantia de que esses aparelhos bloquearão toda a forma de comunicação, porque existem outras tecnologias, como o telefone fixo sem fio, telefone por satélite e rádio, por exemplo. Ele disse que, se forem usados bloqueadores para todas as freqüências, as autoridades penitenciárias correrão o risco de ficar incomunicáveis com o simples corte do fio dos telefones fixos.
Araújo disse que um sistema completo de bloqueio de sinais custa cerca de R$ 1 milhão por presídio e que, nos Estados Unidos, nem o Pentágono nem a CIA usam bloqueadores de celulares. Ele sugeriu, além dos detectores de metais, que se estabeleça uma regra para que os presidiários possam comunicar-se, mas que essa comunicação seja monitorada pelas autoridades, como ocorre nos EUA.
"Estamos dispostos a colaborar com soluções que sejam práticas e resolvam o problema, e não com soluções temporárias e emocionais", afirmou Araújo, dando como exemplo a caixa de primeiros socorros que, anos atrás, foi tornada obrigatória em todos os veículos do País e se mostrou uma medida inócua.
Lima disse que, assim como entram celulares nos presídios, também entram alicates e ferramentas que podem ser usados para desligar os bloqueadores. Segundo ele, bloqueadores em mãos erradas podem comprometer a comunicação de milhares de pessoas. Sugeriu, além dos detectores de metais e aparelhos de Raios-X, que seja definido um regulamento com acompanhamento rígido das medidas de segurança.
O diretor de Operação e Manutenção de Rede da Claro, Rodrigo Andrade, afirmou, na CPI, que a solução mais efetiva passa por um trabalho conjunto de todos os envolvidos no assunto, tais como as autoridades policiais, políticas judiciárias.
