O contrabando de filhotes |
O verão é a estação predileta de contrabandistas para a captura de filhotes de papagaio-de-cara-roxa, pois é a época que ocorre a reprodução do animal. O contrabando de filhotes, o desmatamento, a extração de árvores usadas como abrigo e a degradação de plantas utilizadas como alimento têm colocado a espécie na Lista Oficial de Animais Ameaçados de Extinção, publicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2003 – uma classificação feita com base na redução da população verificada nos últimos 10 anos.
Com uma população de pouco mais de cinco mil exemplares, o chauá, como também é conhecido, pode ser encontrado na mata atlântica costeira do sul de São Paulo, em toda a extensão litorânea do Paraná e no norte de Santa Catarina. Cerca de 70% da espécie tem como habitat terras paranaenses.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Fauna e Recursos de Pesquisa do Ibama em Curitiba, Cosete Xavier da Silva, os principais pontos de ação de contrabandistas são a Ilha do Pinheiro, em São Paulo, e a Ilha do Superagüi, no Paraná. "Um dos destinos internacionais mais comum desses animais é a Europa", afirma ela.
O delegado de Proteção ao Meio Ambiente, Wilciomar Voltaire Garcia, afirma que muitas vezes os filhotes dos papagaios-de-cara-roxa são capturados nas ilhas e colocados em embarcações maiores para seguirem direto para o exterior. "Isso torna o combate ao tráfico de animais mais difícil", diz ele.
Segundo o delegado, do dia 18 de dezembro até agora, dos 150 animais apreendidos pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente na Operação Viva o Verão, 5 são papagaios-de-cara-roxa.
Cosete diz que muitas pessoas acabam comprando animais ilegais porque é mais barato – podem ser encontrados por cerca de R$ 50. Os legalizados chegam a custar R$ 1,5 mil. Mas, como diz ela, "o barato pode sair caro". Quem for flagrado com animais ilegais precisa responder a processos administrativo e criminal. "A multa para quem estiver de posse de um papagaio-de-cara-roxa é de R$ 5,5 mil." (Rhodrigo Deda)