O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, confirmou nesta segunda-feira (17), durante reunião de cúpula sul-americana, que seu país vai retomar as importações de etanol (álcool combustível) do Brasil, interrompidas desde outubro do ano passado. O álcool na Venezuela é utilizado na mistura com a gasolina em proporções de 10% por litro.

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Em um sinal de que não vai se manter contrário à expansão da produção de biocombustíveis, Chávez propôs ainda que na América do Sul o plano de integração energético influa a construção de usinas de etanol ao lado das refinarias de petróleo, como meio de facilitar a mistura dos dois combustíveis. "Isso significará o cultivo de milhões de hectares de cana e de palma africana, para oxigenar a gasolina", disse. Essa proposta consta do anteprojeto de um tratado energético que seria firmado no futuro entre os países sul-americanos.

Durante a reunião de cúpula, Chávez se antecipou e entregou a cada um dos participantes uma cartilha com a proposta detalhada. Para cada um dos tópicos que levantou – petróleo, gás, energia alternativa e economia de energia – apresentou um modelo focado na capacidade produtiva e exportadora da Venezuela.

Na área de gás, Chávez destacou a exploração do gás do projeto Delta-Caribe, no Norte da Venezuela, que é uma das maiores reservas de gás do mundo e praticamente inexplorada. Esse gás, que seria levado a centros industriais, faria dois caminhos: a produção de gás natural e liquefeito para exportação e três gasodutos (o gasoduto do Sul, para o qual sugeriu um traçado adicional que cortaria o Brasil de norte a sul; o gasoduto Transoceânico, que cortaria horizontalmente do Pacífico ao Atlântico, e o gasoduto Transandino que começaria com um trecho entre a Venezuela e a Colômbia, mas que depois poderia alcançar a América Central).

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Chávez também defendeu que a América do Sul amplie o consumo do gás em veículos. Calculou que se a Venezuela, hoje, substituísse a gasolina pelo gás, economizaria US$ 10 bilhões. Na área de petróleo, Chávez destacou que a Venezuela reservou um bloco nas jazidas do Rio Orinoco com reserva estimada de 10,5 bilhões de barris somente para empresas da América do Sul. "Queremos colocar o petróleo à disposição da América do Sul.

Chávez também propôs que os bônus pagos por empresas estrangeiras para explorar petróleo nessa região, estimados em US$ 5 bilhões, sejam destinados à formação de um fundo de financiamento de projetos para o setor. Ele lembrou que não só as companhias sul-americanas, mas de outros países que atuam nessa região têm de pagar os bônus e ressaltou: "as americanas estão aí também como Chevron entre outras. Nós não vamos tirá-las daí", disse.

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"Nós propusemos que a Unasur (sigla que deu para a União Sul-americana) comece a trabalhar no que possa ser um tratado energético capaz de ativar decisões técnicas e financeiras para criar um sistema de produção distribuição e conhecimento de energia na região.

Ao término de sua exposição, Chávez deu oportunidade para os demais se manifestarem. Mas a atitude foi acompanhada de um silêncio constrangedor. "Dizia um professor meu que quando todo mundo fica em silêncio ou entendeu ou não entendeu nada", afirmou Chávez bem-humorado. O silêncio só foi rompido pelo presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, que pediu explicações a Chávez sobre a experiência em Isla Margarita de economia de energia a partir da troca das lâmpadas.