A busca por combustível tem feito muita gente apelar para o improviso em Curitiba — e alguns até conseguem lucrar em meio à crise do desabastecimento. Na tarde deste sábado (26), em um dos poucos postos em que ainda havia estoque de gasolina e etanol, no bairro Água Verde, pessoas vendiam galões vazios para quem aguardava na fila.

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De acordo com o motorista de aplicativo Alisson Cunha Bastos, que estava há cerca de quatro horas na fila para abastecer, os vendedores chegaram em caminhonetes e ofereciam os recipientes a preços variados, de R$ 10 no galão de 5 litros e R$ 35 no recipiente maior, com capacidade para 20 litros. “E eles venderam tudo, não sobrou nada”, conta. “Eles aceitavam até maquininha de cartão”.

Quem aproveitou a presença dos vendedores informais foi o metalúrgico Adriano Manzano, que veio de Piraquara para tentar abastecer e trouxe um galão na bagagem para se garantir. Ao ver o pessoal vendendo mais recipientes, comprou mais dois. “Eles vieram uma vez e acabaram todos os galões. Depois voltaram com mais”, relembra. “O negócio está rendendo. Enquanto uns sofrem, outros são espertos”.

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Outra situação semelhante foi relatada por funcionários de um posto do Alto da XV. Segundo eles, ao longo de toda a última sexta-feira (25), clientes compravam galões de 5 litros de água mineral na loja de conveniências apenas para usar a garrafa nas bombas.

Apesar da oportunidade, o problema é que tanto os galões de produtos químicos como as garrafas não são certificados para fazer o transporte de combustível — e, portanto, não podem ser usados para este fim. “Os vendedores passavam oferecendo. Devem ter pego do lixo. Isso é galão de produto de limpeza”, diz Manzano, que conta ainda ter visto esses vendedores rodando a região com bastante dinheiro na mão.

Certificação do Inmetro

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Uma norma da Agência Nacional de Petróleo (AN) exige que os galões que transportam combustíveis sejam certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia Industrial (Inmetro).

Em Curitiba os postos só estão vendendo desta forma com recipientes regularizados. Para evitar reclamações no momento de abastecer na bomba, muitos postos estão pondo o aviso da exigência de galões certificados.

Para fazer o transporte de poucas quantidades de combustível, os recipientes devem ser devem ser rígidos – sacos plásticos, por exemplo, são proibidos. De acordo com a Lei nº 9.847/1999, os postos que descumprirem essa regra podem ser multados com valores entre R$ 20 mil e R$ 5 milhões.

https://www.tribunapr.com.br/noticias/curitiba-regiao/6o-dia-de-greve-dos-caminhoneiros-tem-reabastecimento-de-combustivel-e-falta-de-gas/