O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Carlos de Oliveira, disse hoje que o setor poderá encerrar 2006 com vendas reais inferiores aos resultados apurados em 2005. Segundo ele, embora a entidade trabalhe oficialmente com a expectativa de fechar o ano com estabilidade, será difícil reverter a queda acumulada de 1,79% nos 11 meses apenas com as vendas de dezembro.
"Para encerrarmos o ano no zero a zero, teremos de registrar uma alta nas vendas reais de dezembro de 4,5% na comparação com dezembro de 2005. Isso pode ocorrer, mas realmente não será fácil reverter o acumulado no ano", disse.
Conforme Oliveira, para que a meta de expansão de 1% nas vendas anuais fosse atingida, o resultado em dezembro teria de crescer 50% frente a novembro e 6% ante o mesmo mês de 2005, o que é "impossível", em sua avaliação. "Dezembro apresenta uma boa sazonalidade e pode representar para algumas lojas entre 12% e 15% do movimento do ano, mas historicamente as vendas neste mês crescem entre 32% e 35% frente a novembro", justificou.
De acordo com o presidente da Abras, o fraco desempenho financeiro do setor em 2006 reflete fatores como os preços estarem em queda, os consumidores buscarem produtos com preços mais baixos, além do movimento de substituição por marcas mais baratas. Esse cenário, conforme ele, explica o fato do Índice nacional de volume ter subido 5,1% no acumulado do ano até outubro, projetando 6% de expansão em 2006, enquanto os resultados com as vendas do setor devem permanecer, no máximo, estáveis com relação a 2005. Em 2005, o faturamento apurado pela Abras foi de R$ 115 bilhões.
Oliveira destacou ainda que, apesar da recuperação dos preços em novembro – a cesta Abras/Mercado registrou alta de 1,36% em novembro ante outubro – no acumulado do ano os preços subiram apenas 0,31% frente a variação do IPC-A de 2,65% em 11 meses. "Isso também explica o descolamento entre vendas, volume e resultado financeiro", afirmou.
Novembro
As vendas reais do setor supermercadista em novembro subiram 0 92% em comparação com outubro, segundo dados divulgados hoje pela Abras. Na comparação com novembro de 2005, a alta foi superior e alcançou 2,23%. Ainda assim, no acumulado de janeiro a novembro, as vendas reais de supermercados registram queda de 1,79%.
Conforme a entidade, o resultado positivo na comparação com outubro pode ser explicado pelas ações adotadas pelos supermercados com vistas a estimular e favorecer as vendas, como a ampliação de oferta e promoções e adequação e do mix de serviços e produtos. Em valores nominais, as vendas dos supermercados em novembro apresentaram crescimento de 1,23% na comparação com outubro e alta de 5,31% em relação com novembro de 2005. No acumulado dos 11 meses, as vendas nominais sobem 2 43%.