Rio – A conjunção de fatores como valorização do real, redução de tributos e combate à ilegalidade aumentou significativamente as vendas e o nível de formalidade do setor de informática no País. Em ano de perda de ritmo da atividade econômica, as vendas desses produtos no varejo cresceram 54% ante 2004, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais que isso, a indústria do setor comemora que o mercado formal de computadores pessoais tenha encerrado o ano de 2005 com 40% de participação no mercado total, porcentual bem superior à fatia de 30% de 2004.
Somente em dezembro, o crescimento das vendas ante igual mês de 2004 chegou a 98,9% no grupo de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação pesquisado pelo IBGE. Somente a empresa Positivo, instalada em Curitiba, elevou as vendas em 279%, de 100 mil computadores em 2004 para 379 mil no ano passado.
A expectativa da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) é de que a continuidade desses fatores de estímulo em 2006 eleve o nível de formalidade do setor para 50%. A explicação para a queda da informalidade, que chegou a 70% do mercado do setor em 2004, é que a MP do Bem trouxe impacto positivo ao mercado de computadores pessoais, devido à isenção de 9,25% relativa ao PIS e Cofins para máquinas vendidas no varejo pelo valor de até R$ 2,5 mil. Além disso, o maior controle da Polícia Federal em relação ao mercado informal também estimulou as vendas legais de computadores pessoais.
No varejo, o crescimento de 54% nas vendas em 2005 ocorreu sobre uma base já forte de 2004, que havia registrado uma expansão de 10% no volume de vendas, segundo o IBGE. No caso do faturamento da indústria de informática, os dados da Abinee mostram um crescimento de 17% em 2005 ante 2004, chegando a R$ 24,2 bilhões.
Ainda que o grande filão de vendas da indústria brasileira de informática seja o mercado interno, as exportações que responderam por cerca de 4% do faturamento das empresas no ano passado, apresentaram crescimento significativo em 2005. As exportações totais do setor de informática, segundo a Abinee, subiram para US$ 387 milhões no ano passado, volume 47% superior aos US$ 263,3 milhões registrados em 2004.
Entre os produtos mais exportados destacam-se máquinas para processamento de dados, cujas vendas externas chegaram a US$ 129 milhões em 2005, ou 39% mais do que em 2004. Do lado das importações, a valorização do real elevou o total de produtos de informática importados para US$ 1,017 bilhão em 2005, com aumento de 30,7% ante 2004.
Crédito
O crédito também estimulou as vendas. O diretor de marketing da Positivo, João Marcelo Alves, disse que as linhas de financiamento do varejo para esses produtos têm se ampliado de tal forma que uma grande rede está vendendo computadores pessoais financiados em 25 vezes, sem entrada, com parcela de R$ 53,99.
Embalada por essa explosão no mercado, a Positivo ampliou o número de funcionários de 400 em 2003 para um total de 1.200 no ano passado. Para Alves, o bom desempenho das vendas de computadores no Brasil está relacionado a fatores como o câmbio e a redução de tributos – que possibilitam ao mercado legal uma concorrência mais competitiva de preços com o chamado mercado cinza, ou informal -, além da fiscalização mais eficiente dos equipamentos ilegais e o crédito.
Segundo ele, o maior crescimento de vendas está ocorrendo na classe C e a expansão do mercado deverá prosseguir em 2006, ainda que deva apresentar números menos robustos do que no ano passado, em conseqüência da base de comparação elevada de 2005.
