As vendas de televisores despencaram em julho depois de crescerem 37,84% no primeiro semestre por causa da Copa do Mundo e do interesse do consumidor por novas tecnologias. A queda, na comparação com o mês anterior, foi de 35%, segundo levantamento da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Para as indústrias, a retração do consumidor e o excesso de estoques no mercado influíram na redução.

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Mas, segundo um executivo do setor, as dúvidas do consumidor, à espera da TV digital, podem ser um dos motivos que levaram à queda nas vendas de aparelhos após o campeonato mundial. "Mês passado, o mercado ficou entre 13% e 15% abaixo da previsão que tínhamos traçado no começo do ano", observou.

Muitos ficam em dúvida sobre qual aparelho devem comprar, com medo que fique obsoleto logo. A indústria também teme que o consumidor fique decepcionado no início das transmissões. Se a informação não for passada corretamente, há risco de a pessoa só descobrir que ainda não está sob cobertura do sinal digital ao chegar em casa.

O que acontece, neste caso, é uma tela preta. "Vão achar que é o aparelho que não funciona", disse o executivo. Ele defende um trabalho mais próximo dos fabricantes com as emissoras e o governo, para acertar o cronograma de implantação da TV digital.

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Mesmo assim o interesse do consumidor pelos modelos de plasma e LCD é grande, na avaliação do varejo. No Pão de Açúcar, as vendas de televisores convencionais em julho ficaram apenas 1,5% acima do mesmo mês no ano passado, mas a procura por televisores de plasma e LCD vem crescendo exponencialmente.

O supervisor-geral das Lojas Cem, Valdemir Colleone, observou que todo o varejo superestimou as vendas com a Copa e que a indústria teve até dificuldade de fazer entregas porque atrasou a produção com a greve da Receita Federal. "Mas os pedidos foram confirmados e recebemos uma linha extensa quando o Brasil estava deixando o campeonato", disse. O resultado foi um acúmulo de estoques por cerca de 15 dias. "Mas, passado este período, o mercado se normalizou.

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A expectativa dos fabricantes é de que o segundo semestre represente cerca de 40% do total vendido no ano. São 4 milhões de unidades, 2 milhões a menos do que os 6 milhões vendidos até junho, numa inversão de sazonalidade. No total, o ano deve ser fechado com 10 milhões de TVs vendidos,o maior volume atingido no País. O crescimento será de 5% ante 2005. O presidente da Eletros, Paulo Saab, não considera o aumento significativo.Nos últimos anos, lembrou, as vendas de televisores cresceram entre 15% e 20%.