Além da temida greve de controladores de vôo que não aconteceu, a aparente normalidade nos aeroportos brasileiros na volta de carnaval pode encontrar explicação na simples queda do movimento de passageiros. A Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav) estima que a venda de pacotes aéreos para o carnaval 2007 tenha sido 10% inferior do que em 2006, quatro vezes maior do que a queda de 2,5% registrada no setor (incluindo viagens rodoviárias e marítimas). Uma pesquisa encomendada pela associação, em dezembro, constatou que 48% das operadoras de turismo já registravam redução na procura por viagens aéreas. Nos últimos dois dias, mais de 100 vôos foram cancelados por falta de passageiros no País. Ontem, dos 1.395 vôos programados, 12,7% sofreram atrasos superiores a 45 minutos, o que foi considerado ?normal? pela Infraero.
Turistas que costumavam viajar de avião podem ter migrado para cruzeiros – além de aumentar de 9 para 12 o número de navios com saída do Porto de Santos no carnaval, a ocupação passou de 80% para a quase lotação. A enquete da Abav com 100 agências e operadoras turísticas de São Paulo (que representa a metade do mercado emissivo do País) também apontou que 63% dos consumidores tinham receio de comprar excursões turísticas aéreas, entre os quais 41% admitiram optar por rodoviárias e 50% por cruzeiros marítimos.
Segundo o diretor da Abav Leonel Rossi, a queda na procura por pacotes aéreos pode ser considerada ainda maior do que os 10% estimados, já que o setor esperava, antes dos apagões, um resultado bem diferente para essa temporada: um aumento de 30% nas vendas do setor. A principal queda na procura por passagens aéreas, no entanto, foi registrada em janeiro, logo após a crise ocorrida nos aeroportos no fim do ano, em parte recuperada por uma redução no preço das passagens.
A movimento baixo também não pode ser atribuído a todas as companhias. A TAM informou que entre sexta e terça-feira registrou aumento de 20% no número de passageiros em comparação ao carnaval 2006.