Após impulsionar o segmento de bens duráveis, o crédito vem também estimulando as vendas de bens de consumo não duráveis. As vendas a prazo nos supermercados estão disparando e evitando um desempenho pior do setor, segundo o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Carlos de Oliveira.
De acordo com ele, as vendas do segmento supermercadista caíram 2,53% no primeiro quadrimestre deste ano ante igual período do ano passado, e a redução "só não foi mais forte porque a venda a crédito nos supermercados está crescendo". Segundo ele, as vendas a crédito (cartões de crédito de bandeiras tradicionais, cartões dos próprios supermercados, cheque pré-datado e tíquete-alimentação) já respondem por 50,6% das vendas do setor. Em 2002, a participação desses instrumentos de crédito nas vendas não ultrapassava 41,6%.
No caso exclusivo dos cartões de crédito de terceiros (Visa, MasterCard etc), a participação nas vendas dos supermercados cresceu de 15,6% em 2002 para 19,4% em 2005. "O consumidor cada vez mais se endivida, mesmo para comprar nos supermercados", observou João Carlos de Oliveira, acrescentando que essa é uma tendência "irreversível". Ele admite que os empresários do setor "preferiam que a totalidade das vendas fosse à vista, como ocorria há 15 anos, mas o crédito é a conseqüência natural de um mercado cada vez mais competitivo".
Segundo o presidente da Abras, as vendas parceladas no cartão de crédito ocorrem em alimentos nos supermercados apenas em datas especiais, como ocorreu na Semana Santa, com os ovos de Páscoa. Mas no caso dos bens duráveis, que já respondem por cerca de 7% das vendas do setor, o parcelamento tem estimulado as vendas.
