O presidente da República deve ter perdido preciosas horas de sono a debater-se com as mil e uma voltas exigidas pela cansativa reforma ministerial. Infindáveis encontros com interlocutores convocados ao palácio devem ter servido para o presidente estabelecer os critérios da reforma, e da nova escalação da equipe de ministros.
Assediado pelos chefes dos partidos alinhados à base de sustentação, cada qual com suas convincentes reivindicações, o presidente recebeu ao longo da semana – alguns mais de uma vez – os senadores Renan Calheiros e José Sarney, principais estrelas do PMDB governista, além do presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), e o deputado carioca Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB.
Na Esplanada, não há outro jeito, o clima é de velório e despedida em vários gabinetes. A cúpula petista não descarta a idéia de abrir mão de, pelo menos, dois ministérios, oferecendo sobre a bandeja as cabeças de Nelson Machado e Humberto Costa, respectivamente, do Planejamento e Saúde. O PMDB deverá indicar os substitutos de Amir Lando e Eunício de Oliveira e comenta-se que Ciro Gomes pode migrar para o PTB e ser removido para a Saúde.
O PP aguarda também o seu quinhão e com não fingida arrogância proclama sua incompatibilidade com ministérios sem importância. Quem pode mesmo é José Sarney, o único a contar com espaço próprio nesse latifúndio. Roseana sorri com discrição e, por enquanto no PFL, pede passagem.