Rio (AE) – Mais seis praias de Niterói, no Grande Rio, foram atingidas hoje pelo vazamento de óleo combustível na Baía de Guanabara, ocorrido na madrugada de ontem (03). O óleo chegou ao mar aberto e manchou as águas das Praias de Adão e Eva Rio Branco, Imbuí, Prainha e Piratininga.
Segundo a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), a praia mais afetada é a de Icaraí, na zona sul da cidade, e a região costeira das Praias de Graoatá, Boa Viagem e Flechas, inicialmente, atingidas pelo vazamento, está em fase de limpeza.
A Feema acionou o Plano de Emergência para a Baía de Guanabara para tratar das conseqüências do vazamento.
Hoje, representantes da fundação sobrevoaram as áreas atingidas e chegaram ao cálculo aproximado da quantidade de óleo derramado, que ficou em 1.200 litros. O vazamento ocorreu depois de um acidente com um navio fundeado na área do Estaleiro Enavi, de Niterói.
Amanhã (05), técnicos da Feema sobrevoarão a área novamente e terça-feira (06) será entregue um relatório para análise do Conselho Estadual de Controle Ambiental (Ceca), que pode definir responsabilidades e punições pelo acidente.
O pesquisador na área de petróleo e meio ambiente da Universidade Federal Fluminense (UFF) Eduardo Negri afirmou ter sido surpreendido com a extensão da mancha de óleo. "Já tinha visto em mar aberto porque trabalho com isso, mas nunca vi chegar assim, na praia", afirmou, enquanto passeava pelo calçadão da Praia das Flechas. Para o pesquisador Edgar Lima, também estudioso da área de petróleo e meio ambiente da UFF, vai demorar até o mar se recuperar de um acidente como esse.
Ele explicou que, mesmo com a limpeza efetuada por embarcações, que retiram a parte mais aparente do vazamento, há sempre resíduos que ficam na água. Hoje, subiu de 15 para 18 o número de embarcações que trabalham na contenção do óleo na costa. Lima criticou o fato de a Companhia de Limpeza Urbana (Clin) coordenar a limpeza das praias. "Não acho que eles estejam preparados para isso. Afinal, não estão lidando com limpeza urbana", disse.
Segundo informações da Feema, as barreiras de contenção do óleo no mar atingem cerca de 2.500 metros de extensão. Mesmo com esse trabalho, alguns banhistas tiveram de se contentar em ficar na areia, com receio das manchas de óleo que, volta e meia apareciam na arrebentação das ondas. É o caso de Patrícia da Silva Fernandes e do filho dela Patrick, de 5 anos.
Moradora do bairro do Ingá, próximo à Praia de Icaraí, uma das praias mais afetadas, foi a primeira vez que viu grandes manchas de óleo nas praias de Niterói. "Vim aproveitar o sol de domingo, mas vou ficar na areia. Já avisei para o meu filho não entrar na água", disse.
No fim da tarde de ontem, o estaleiro divulgou nota esclarecendo que não se considera responsável pelo acidente com o navio, informando que o vazamento aconteceu antes da embarcação chegar ao cais da companhia. Foi o terceiro vazamento de óleo na Baía de Guanabara este ano.