O Vaticano permitiu pela primeira vez acesso público a milhões de cartas diplomáticas, correspondência pessoal e outros documentos em seus arquivos secretos cobrindo o papado de Pio XI de 1922 a 1939, que poderiam lançar luz sobre o nível de preocupação que tinha a Santa Sé em relação ao crescimento da perseguição dos judeus na Europa.

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Por anos, o Vaticano tem defendido o sucessor de Pio – o papa da época da guerra Pio XII, que também foi secretário de Estado de Pio XI – contra acusações de que não se importou com o destino dos judeus no Holocausto. Pesquisadores consideram que serão necessários anos para se estudar o conteúdo de cerca de 30.000 documentos do período quando o fascismo e o nazismo se chocaram contra o comunismo no continente europeu.

Arquivistas oficiais disseram que pela manhã cerca de 50 pesquisadores haviam se credenciado para ter acesso aos documentos. "A situação estava meio caótica", disse Alessandro Visani, um pesquisador na Universidade Sapienza, de Roma. "Eu queria pesquisar algo, mas alguém já estava consultando", contou Visani, que estuda as atitudes da hierarquia católica em relação às leis contra os judeus de 1938 do ditador fascista Benito Mussolini.

O material nos arquivos é "muito rico", afirmou Emma Fattorini, também da Universidade Sapienza, à agência de notícias Apcom, ao deixar o Vaticano. Uma questão emblemática refere-se a uma encíclica de Pio XI visando denunciar o racismo e o nacionalismo violento na Alemanha. A encíclica nunca foi publicada "em parte devido a sua morte (de Pio XI) e em parte porque ela foi julgada politicamente inoportuna", explicou Visani.

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