A senha foi passada na entrevista do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, publicada domingo, 10, no jornal O Estado de S .Paulo: ?Não vamos jogar tapioca no ventilador. Não temos de mexer com a família nem do presidente Lula nem do ex-presidente FHC?.

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O estilo algo burlesco do ministro, para dizer o mínimo, o levou a frisar que se o uso de cartões corporativos por servidores do atual governo propiciou a cobertura de gastos com alguns acepipes elaborados com a farinha comestível extraída das raízes de mandioca e aipim – a conhecida tapioca – reclamados pelo apetite repentino de um ministro de Estado, no governo anterior é possível que venha a revelar dispêndios com sofisticados queijos emental ou brie.

Outro ministro, Tarso Gen-ro, da Justiça, afiançou que a transparência no uso dos cartões foi adotada pelo governo Lula, apregoando que a pretendida investigação se faça nos dez anos de vigência da formalidade, para que se comprove de uma vez por todas quem foi mais austero: ?Vai dar o governo Lula na ponta?, esnobou.

Assim, bastou um fim de semana para que a base governista acertasse os ponteiros com a oposição, ao menos no que tange ao PSDB (embora divergências pontuais), no sentido da implantação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), incluindo deputados e senadores.

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A investigação cobrirá também o segundo governo de FHC, que de pronto se mostrou agastado com o acordo, sob o argumento da inexistência de fato determinado para justificar a investigação. FHC disse também que a decisão da base governista de ampliar a investigação para 1998 é arbitrária, embora tenha garantido que pessoalmente nada tem a temer quanto ao uso dos cartões corporativos.

Mais tarde, foi a vez do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), presidente da executiva nacional da legenda, tranqüilizar a todos ao informar que o ex-presidente apóia a decisão partidária de participar da comissão mista. Guerra disse ainda que ouviu do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, um apelo no sentido de permitir o funcionamento duma comissão civilizada, ou seja, que não se perca pelo desbordamento passional característico desse tipo de investigação.

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Afinal, o acordo foi selado entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o deputado federal Carlos Sampaio (PMDB-SP), autor do requerimento da CPI dos Cartões na Câmara. A comissão será mista e a julgar pela quantidade de condimentos reservados, tudo leva a crer que a pizza terá sabores variados.