O presidente da Varig, Marcelo Bottini, disse esta noite que a Variglog já fez contato com empresas de leasing que tem aeronaves arrendadas à companhia aérea, o que deve ajudar a minimizar a crise da empresa, que hoje vive sob ameaça de arresto de aviões. O presidente da Varig informou que a companhia conseguiu, com recursos próprios, trazer de volta às operações dois aviões para serem utilizados neste final de semana e que também fechou acordo de fornecimento de combustível com a BR para este período. Além disso, conforme ele, a empresa irá pagar parte dos salários dos funcionários na próxima semana.
Conforme o executivo, a proposta feita pela VarigLog será analisada durante o final de semana e na próxima segunda-feira uma visão mais clara sobre a proposta já deve ter sido consolidada. Ele admitiu que a oferta prevê um adiantamento de recursos para dar fôlego às operações. Entretanto, informou que o valor desse aporte será discutido na próxima semana, após o administrador judicial dar um parecer sobre a viabilidade da oferta.
Bottini disse também que a VarigLog colocou a condição de que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aprove a operação em que seus acionistas compraram a empresa, então subsidiária da Varig, para que coloque recursos na companhia aérea. Desde dezembro, segundo Bottini, os acionistas aguardam a aprovação do governo, por meio da Anac, para a compra da empresa de logística.
Bottini disse que a nova proposta "é consistente" e que com ela a Varig pode continuar a voar. Ele se recusou a dizer que, sem a aprovação da Anac, a Varig encerraria suas operações. "A bola agora está com o governo brasileiro, que exigiu da Varig uma solução de mercado. A Varig tem uma solução de mercado. É extremamente importante o posicionamento do governo dentro dessa solução", disse o presidente da companhia, referindo-se à necessidade de confirmação da Anac para a operação.
De acordo com ele, a Anac "tem trabalhado conosco a quatro mãos, conhece os detalhes e tem interesse em ver isso atendido o quanto antes". O executivo agradeceu a confiança dos credores, dos investidores e dos clientes da empresa.
Bottini falou em entrevista coletiva à imprensa na sede da companhia, no Rio de Janeiro. O juiz da 8ª. Vara Empresarial, Luiz Roberto Ayoub, anulou hoje o leilão de venda da Varig, já que a TGV não depositou o sinal de US$ 75 milhões para a compra da companhia aérea.
Plano de emergência
Depende ainda de uma conversa entre a direção da Anac e da Varig a continuidade do plano de emergência que envolve o transporte de passageiros da empresa que estão no exterior e no País com problemas por conta dos vôos cancelados. A informação foi dada pela assessoria de imprensa da Anac.
Essa conversa entre a direção da Varig e Anac poderá ocorrer ainda hoje, informa a Agência. Segundo a assessoria, foi a Varig quem solicitou na última terça-feira a montagem desse plano de emergência até que o juiz Luiz Roberto Ayoub se manifestasse sobre o leilão de venda da empresa.
Sistema de compensação
A Varig divulgou nota hoje afirmando que voltou a fazer parte do sistema de compensação da International Air Transport Association (IATA). Com isso, cerca de 200 empresas internacionais filiadas à entidade podem aceitar endossos de passagens aéreas da companhia brasileira.
Segundo a Varig, a suspensão temporária imposta pela IATA não tem impedido que bilhetes de seus passageiros sejam aceitos pelas demais companhias aéreas filiadas à associação, entre elas as 18 empresas que integram a Star Alliance: Air Canada, BMI, Spanair, Lufthansa, Lot Polish, Swiss, All Nippon, Austrian Airlines, Asiana, South African, TAP, United Airlines, USAirways Air New Zealand, Scandinavian, Singapore e Thai Airways.
Os passageiros continuam sendo embarcados no exterior pelas companhias, dependendo dos lugares disponíveis em seus vôos, diz a nota. Segundo a Varig, apenas 11 companhias comunicaram que não aceitariam o embarque de passageiros portadores de bilhetes da empresa. São elas: Aviateca (Guatemala), Continental e Delta (Estados Unidos), Emirates (Emirados Árabes), Korean (Coréia), Lacsa (Costa Rica), Luxair (Luxemburgo), Martinair (Holanda), Taca (Equador), Alitália (Itália) e JAL (Japão). As demais continuam aceitando os bilhetes normalmente.
Ainda segundo nota da empresa, a suspensão da Varig é temporária e poderá ser revertida, assim que a empresa saldar o débito. Por exigência da IATA, a Varig ainda mantém um seguro depósito no valor de US$ 24 milhões na Clearing House para cobrir eventuais pagamentos.