A Varig só tem combustível garantido para os seus aviões até hoje, relata uma fonte da BR Distribuidora. Segundo ela, um executivo da subsidiária da Petrobras está em São Paulo para negociar com a Visanet a extensão das receitas futuras geradas com a venda de passagens (recebíveis). Esses recursos foram negociados pela Varig antes do leilão como garantia para o fornecimento de combustível
Segundo fontes do mercado, a Varig já está esgotando todos os seus recebíveis, o que seria sua última fonte de recursos para manter o crédito. A Varig deve em torno de R$ 25milhões à BR Distribuidora só pelo fornecimento de combustível que deveria ter sido pago nos últimos dias. Devido a uma liminar obtida na Justiça do Rio, a empresa ficou desobrigou de pagar à vista pelo fornecimento de combustível
A Varig deve ainda R$ 57 milhões que foram repactuados antes do início de sua recuperação judicial, em junho do ano passado, mas a BR Distribuidora já provisionou como perda contábil essa quantia
Entre demais credores públicos, a proposta do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) ontem no leilão foi recebida com descrédito. Isso porque o valor oferecido (US$ 449 milhões) é quase a metade do valor mínimo que foi determinado e porque há risco de a Justiça do Rio decretar a falência da Varig, deixando credores públicos e privados sem receber o que têm direito
Entre os donos de crédito privados e estrangeiros, o clima é o de "a paciência acabou". Segundo um representante de um credor internacional, não há mais confiança na isenção da Justiça brasileira, o que poderá resultar numa onda de pedidos de arresto de aviões pelo mundo afora. "Os credores estão cansados" diz uma fonte.
Na prática, isso significa que as empresas que alugam aviões ou turbinas para a Varig poderão entrar com pedidos na Justiça em qualquer País. Eles vão tentar tomar aviões assim que pousem em aeroportos estrangeiros.
Os credores internacionais ressaltam que na terça-feira haverá audiência na Justiça de Nova York que definirá se a Varig continuará a ter proteção contra arresto de aviões. Até aqui, a Justiça americana preferiu não se adiantar às decisões brasileiras e adiou as questões mais polêmicas. Agora, dizem os credores, a situação mudou.
Além disso, a Varig terá de receber US$ 75 milhões da TGV até essa reunião como prova de que o processo de recuperação caminha.
