A reunião entre o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro, advogados da VarigLog, da Varig e sindicalistas do setor aéreo acabou esta tarde sem que se chegasse a um acordo. O encontro foi convocado pelo Ministério Público para buscar uma solução que possibilite o pagamento das rescisões trabalhistas dos 5,5 mil funcionários da companhia aérea que estão sendo demitidos desde sexta-feira. Além disso, foi debatido também o pagamento de quatro meses de salários atrasados. Uma nova audiência foi marcada para a próxima sexta-feira.
Ao sair da reunião, a advogada da VarigLog, Walesca Teixeira, indicou que a empresa não ofereceu nenhuma alternativa aos trabalhadores e vai manter o cronograma de pagamentos estabelecido no plano de recuperação judicial aprovado pelos credores da Varig em assembléia. "A gente acredita na Lei de recuperação judicial. Se forem bloqueados os recursos (já depositados pela VarigLog na empresa aérea), a Varig morre. É uma opção de cada um", disse.
O advogado da Varig, Fábio Carvalho, afirmou que a responsabilidade de recorrer do bloqueio do depósito de US$ 75 milhões feito pela VarigLog para a ex-controladora é da própria Varig. Ele não deixou claro, no entanto, se a companhia já recorreu. Segundo ele , parte do dinheiro já foi usado para custear a operação da companhia aérea. O Ministério Público do Trabalho dará hoje uma entrevista coletiva sobre o assunto.
Parecer sobre liminar
A administradora judicial da Varig, a consultoria Deloitte, informou no início desta tarde que está elaborando um parecer sobre o impacto da liminar da Justiça do Trabalho do Rio que determinou o bloqueio do depósito de US$ 75 milhões feito pela VarigLog para a ex-controladora. O parecer foi um pedido da 8ª Vara Empresarial do Rio, responsável pela recuperação judicial da companhia. A Deloitte informou, no entanto, que não há um prazo definido para a conclusão do parecer.
Novos bloqueios
O diretor do Sindicato Municipal dos Aeroviários do Rio de Janeiro (Simarj), Luiz Braga, afirmou hoje que a entidade estuda entrar com novas ações judiciais para tentar bloquear aportes de dinheiro da VarigLog para a Varig. Ontem, o Simarj obteve uma liminar na 33ª Vara da Justiça do Trabalho no Rio, bloqueando o depósito de US$ 75 milhões que a Variglog havia feito no último dia 24, quatro dias após ter arrematado a Varig em leilão judicial por US$ 505 milhões.
Segundo Braga, poderá haver um novo pedido de liminar para bloquear outros US$ 75 milhões que estão previstos para serem depositados em torno de 30 dias, conforme previsto no plano de investimentos da VarigLog.
Inicialmente, as rescisões trabalhistas da Varig, para pagar as demissões de 5.500 funcionários, estavam estimadas em R$ 170 milhões. No entanto, o Sindicato Nacional dos Aeronautas informou que a empresa teria comunicado na semana passada que as rescisões seriam de R$ 253 milhões e os salários atrasados estariam em torno de R$ 106 milhões.
Balcões de check-in
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pediu à Infraero, estatal que administra os aeroportos brasileiros, que transfira temporariamente parte dos balcões de "check-in" da Varig nos aeroportos para outras companhias aéreas. O pedido foi encaminhado pela agência na última sexta-feira, informou hoje o diretor da Anac, Leur Lomanto.
Ele explicou que essa é uma forma de minimizar os transtornos dos passageiros de todas as companhias que, por causa dos vôos cancelados da Varig, estão tendo que transportar usuários com bilhetes Varig. "Isso tem provocado filas imensas nos balcões (de várias companhias aéreas), enquanto várias instalações da Varig estão vazias", disse Lomanto, durante solenidade de lançamento da logomarca da Anac, realizada nesta terça-feira na sede da agência reguladora em Brasília. Segundo o diretor, ainda não houve uma resposta da Infraero, mas hoje os técnicos da agência deverão cobrar uma decisão da estatal.
O diretor geral da Anac, Milton Zuanazzi, não quis fazer previsão de data para o fim dos transtornos aos usuários e informou que o plano de emergência da Varig, que terminaria hoje deverá ser estendido a partir de um pedido da companhia. "Há problemas, nós assumimos que há transtornos, há filas e gente parada em aeroportos, que não deveria estar acontecendo. Mas nós imaginamos que ninguém deixará de ser transportado", afirmou Zuanazzi.