São Paulo (AE) – A elaboração do plano de reestruturação da Varig teve início ontem com a contratação da consultoria da Lufthansa, pertencente à estatal aérea alemã, que ficará responsável pela assessoria operacional e comercial. Mas antes mesmo de a Lufthansa analisar a situação da frota e da malha aérea da Varig, o cancelamento de rotas domésticas e internacionais já está definido e deverá ser anunciado a partir da semana que vem.

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"Vamos tirar algumas rotas que não são rentáveis e nos concentrar em trechos onde a empresa precisa colocar maior oferta de assentos. Obviamente que vamos discutir alguns desses ajustes com a Lufthansa, mas estamos convencidos que qualquer consultoria internacional não vai discordar da avaliação feita pela Varig", afirma o presidente-executivo da Varig, Omar Carneiro da Cunha.

Segundo fontes da empresa, o cancelamento de vôos deverá atingir Portugal, onde a Varig perde em torno de US$ 1 milhão por mês. A alternativa é ampliar o acordo de compartilhamento de assentos com a TAP.

A Varig vai devolver em breve duas aeronaves que estão com o contrato de arrendamento no fim, mas deverá receber outros dois aviões em substituição, anunciou Cunha. A empresa também vai oferecer em duas semanas mais uma promoção que promete acirrar a guerra de tarifas deflagrada com a estréia da WebJet, na terça-feira. "Vamos fazer o lançamento de um super fim de semana Rio-São Paulo, incentivando o passageiro a utilizar mais a capacidade que está disponível nesse período", contou Cunha.

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Cunha rebateu as críticas de que as promoções anunciadas esta semana – motivadas pela estréia da Webjet no mercado – irão afetar as finanças da companhia. Segundo ele, a perda de receita "deve ser compensada pelo aumento de tráfego".

O executivo revelou que na semana que vem vai se encontrar com o governador Rigotto para negociar o pagamento de créditos de ICMS devidos pelo Rio Grande do Sul. A Varig já ganhou ação nesse sentido, julgada pelo Supremo Tribunal Federal na qual tem em torno de R$ 600 milhões a receber de praticamente todos os estados brasileiros. Mas, até agora, só o Rio devolveu o dinheiro, cerca de R$ 100 milhões.

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O anúncio da instituição que irá fazer a assessoria financeira, previsto para hoje (13), foi adiado para amanhã. Fontes no mercado financeiro garantem que as negociações estão bastante avançadas com o banco suíço UBS. No entanto, a contratação do JP Morgan pela estatal portuguesa TAP para assessorá-la numa eventual associação com a Varig pode vir a alterar o curso das negociações.

Cunha afirmou hoje que faltavam alguns aspectos legais e burocráticos para a divulgação do nome do banco, que seria "internacional e de grande porte". O executivo acrescentou que "não necessariamente" a instituição fará um aporte de capital, mas admitiu que ela poderia conceder ou buscar financiamento. "Existem outras empresas interessadas em investir na Varig. O banco vai nos dar consultoria para definir as melhores propostas a melhor estrutura financeira", afirmou Cunha, que participou de almoço no Rio de Janeiro em homenagem ao governador gaúcho Germano Rigotto (PMDB).