O diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do Banco Central (BC),
Sérgio Darcy, afirmou hoje (6), em debate sobre "Competição do Sistema
Financeiro", promovido pela Associação Brasileira dos Bancos Estaduais e
Regionais (Asbace), que não vê espaço no mercado para a entrada de um novo
grande banco de varejo. "Nesse momento, é muito difícil entrar uma nova
instituição de varejo, dada a consolidação do mercado", disse.
Segundo os
dados apresentados pelo diretor do BC, o índice de concentração do sistema
financeiro brasileiro cresceu de um nível de 900 para 1.200 entre o final de
2000 e o início de 2004, mas ainda se encontra abaixo do teto internacional de
1.800. Este coeficiente serve de referência nos Estados Unidos para decisões dos
órgãos regulares e antitruste sobre fusões de instituições
financeiras.
Para o economista João Manoel Pinho de Mello, professor da
PUC-RJ especializado no estudo do sistema financeiro, um ato de concentração não
pode ser visto como sinônimo de redução do nível de concorrência. Analisando
fusões nos Estados Unidos, por exemplo, ele concluiu que apenas 43 de 900 casos
afetaram também o poder de mercado das instituições envolvidas. "Fusão em
mercados em expansão, como o brasileiro, é menos problemática", disse.
A
questão chave para a concorrência bancária, segundo Mello, é a eliminação dos
problemas de informação que dificultam hoje a um banco entrar no mercado e tirar
o cliente do concorrente. É justamente essa preocupação, conforme Darcy, que
levou o Banco Central a propor a criação das contas investimento e a instituir a
portabilidade, mediante a qual se preserva o cadastro das informações de um
cliente que muda de banco.