Os dois melhores fundistas do Brasil, Marílson Gomes dos Santos e Vanderlei Cordeiro de Lima, têm objetivos diferentes na maratona, corrida de 42.195 metros. Para Vanderlei, de 37 anos, a meta é o tricampeonato pan-americano no Rio – ele foi ouro em Winnipeg, em 1999, e em Santo Domingo, em 2003. Marílson, de 30 anos, quer medalha nos Jogos de Pequim, em 2008, mas no Pan vai correr os 5.000 metros e os 10.000 metros.
Vanderlei busca no domingo, na Maratona de Tóquio, o melhor tempo do Brasil – chegou ontem ao Japão após 40 dias de treino na altitude da cidade colombiana de Paipa.
Nas provas de maratona e marcha atlética 50 km serão convocados para o Pan os dois primeiros do ranking brasileiro, de janeiro de 2006 a 22 de abril. Atualmente, o líder é Marílson, com o tempo da vitória na Maratona de Nova York, em novembro: 2h09min58. Vanderlei é o segundo, com 2h11min36 do quinto lugar na Maratona de Amsterdã, em outubro – foi a primeira prova que completou desde o bronze olímpico em Atenas, em 2004. Como dois atletas vão ao Pan e Marílson não disputará a prova, Vanderlei está praticamente certo na seleção.
Como até abril pode surgir um atleta mais rápido, o brasileiro viajou para Tóquio para tentar melhorar sua marca – quer correr abaixo de 2h10. "O percurso melhorou este ano, com mudança do trajeto na parte final, em que os atletas corriam contra o vento. Agora, o trecho será protegido por prédios", explicou Sérgio Coutinho Nogueira, diretor da BM&F Atletismo, equipe dos dois fundistas.
O técnico Ricardo D’Angelo, que foi com Vanderlei para o Japão, confirmou que a preparação foi muito boa. "O Vanderlei quer ganhar a maratona no Pan", disse D’Angelo. E ser o único tricampeão da prova na história dos Jogos.
D’Angelo também está animado com a mudança de percurso, que deve facilitar o desempenho de Vanderlei, vencedor em Tóquio em 1996 e segundo em 98, com 2h08min31, sua melhor marca na carreira. "Ele está pronto para correr abaixo de 2h10", disse Coutinho Nogueira, observando que Vanderlei é muito querido no Japão – os fãs idolatram o atleta pelas participações nas corridas japonesas e, principalmente, pelo fair-play que demonstrou ao ser empurrado pelo ex-padre irlandês quando liderava a prova em Atenas e ter valorizado o bronze olímpico. "Não sei o cachê dele mas no Japão certamente será bom. Os japoneses tratam o Vanderlei ainda mais bem do que o resto do mundo.