Com a transformação da Câmara dos Deputados em lídima delegacia de polícia, onde dezenas de parlamentares estão indiciados ou em fase de investigação quanto ao recebimento de dinheiro sujo do valerioduto ou desvio de recursos orçamentários mediante fraudes apuradas pela Operação Sanguessuga da Polícia Federal, aceita está a premissa que esta foi a pior composição do Congresso Nacional nos últimos tempos. Senão em todos.
Além da denúncia oferecida ao STF pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, contra a ?sofisticada organização criminosa? que agiu na mais perfeita invisibilidade para levantar R$ 1 bilhão, na elucubração exagerada, mas não irreal de Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, a alta corte da Justiça recebeu, mediante habeas corpus concedido pelo Tribunal Regional Federal da 1.ª Região ao ex-deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ), preso com outros 43 acusados de assaltar o erário, a incumbência de desenrolar mais esse novelo.
Os 44 presos pela Justiça Federal de Mato Grosso, ex-deputados, empresários, servidores públicos e assessores parlamentares envolvidos na compra superfaturada de ambulâncias para prefeituras municipais, vão aguardar, no sacrossanto recesso do lar, o andamento da carruagem. Enquanto isso, gente da cúpula diretiva da Câmara se esforça em demonstrar bravura e brios feridos em defesa da probidade e honradez (até prova em contrário) dos 30 deputados aviltados pela torpe suspeita de vocação para o vampirismo.