Ao ser indagado pelo relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR)
sobre a quantidade de firmas que possuía, a qual o deputado disse estar
"espantado", o empresário Marcos Valério, suspeito de ser o operador do
"mensalão", contou a trajetória de sua empresas, listando um total de 14
companhias. Ele explicou que, em 1996, a então SMP&B Publicidade enfrentava
dificuldades financeiras e foi procurado um sócio para a
companhia.
Segundo Valério, em virtude do elevado passivo, o sócio
sugeriu a criação da SMP&B Comunicação, uma nova empresa, enquanto a
SMP&B Publicidade foi transformada em Solimões Publicidade para que sua
dívida com o fisco fosse renegociada e a companhia fosse fechada.
Ele
disse que a DNA, outra agência da qual é sócio, também passou por dificuldades e
ele adquiriu a participação de seu sócio por meio da Grafite Participações,
outra empresa controlada por Valério.
Valério citou também a Multiaction,
empresa de eventos que já prestou serviços a Fiat, Telemig, Cosipa e Banco do
Brasil, como outras suas companhias. Segundo o publicitário, como ele enfrentava
problemas na receita federal, solicitou a dois funcionários de sua confiança
para formarem a 2S Participações, hoje também controlada por sua esposa. Também
em atividade, segundo ele, existe ainda a Cepel, uma hípica construída em Belo
Horizonte (MG).
Em seguida, o empresário informou à CPI que havia criado
a empresa Presépio, outras duas para participar de leilões de privatização, além
de uma outra companhia em sociedade com seu cunhado Humberto Santiago, mas que
nenhuma delas chegou a funcionar.
À lista foi acrescentada pelas empresas
JVM, que também nunca funcionou, e que teria o objetivo de concentrar os imóveis
que ele pretendia comprar e deixar para seus filhos. Neste instante, o
empresário ficou emocionado, quase chegando às lágrimas ao informar à CPI que
perdera um filho de seis anos.
Para concluir, Valério referiu-se às
empresas Targe e Brastev, transferidas a outras pessoas e a MG5 Participações,
criada para gerir a Multiaction, "porque não queríamos aparecer" e assim firmar
contratos com outras empresas de comunicação. A última companhia citada foi a
Estratégia, voltada para campanhas políticas de empresas privadas. O empresário
explicou que os contratos sociais da DNA e da 2S estão em nome da sua esposa
porque, em 1998, disputas políticas poderiam prejudicá-lo.
"A disputa
acabou, mas não consegui transferir novamente os contratos para o meu nome
porque minha esposa não quis. Para dizer a verdade, ela achou que eu queria me
separar dela e não aceitava a transferência. Como isso nunca vai acontecer, eu
mantive os contratos no nome dela", explicou