A pressão do custo das matérias-primas e a crescente demanda global por minério de ferro endureceram as negociações entre a Companhia Vale do Rio Doce e seus clientes, especialmente os chineses, para o reajuste do produto neste início de ano. Presidente da mineradora – que divulgou lucro líquido recorde de R$ 10,4 bilhões no ano passado -, Roger Agnelli não estimou qual seria o porcentual, indicando que a definição de valores poderá ocorrer até 1.º de abril, quando começa o ano calendário das siderúrgicas da China e Japão.

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O analista de mineração da ABN Real Corretora, Pedro Roberto Galdi, estima que o reajuste do minério de ferro deverá ser de 10%. De acordo com ele, esse porcentual é bem menor do que os 71,5% estabelecidos pela Vale em 2005 porque as siderúrgicas não têm mais como absorver aumentos de custos. Além disso, ele lembra que após o segundo semestre do ano passado o preço do aço despencou, o que reduziu a margem de lucro das empresas desse setor.

Para Agnelli, as dificuldades são as mesmas observadas no início do ano passado. "O preço do minério de ferro tem de ser determinado por condições de mercado", afirma. O executivo lembra que a demanda pela commodity ainda é muito forte em todos os continentes e que o seu nível de produção ainda não atingiu o equilíbrio.

"O que estamos conversando é qual o nível de reajuste aceitável. É impossível para a Vale ou para qualquer outra mineradora impor preços", afirmou Agnelli, referindo-se ao reajuste determinado ano passado. Mesmo com o porcentual de 71 5%, ele relata que todas as siderúrgicas tiveram resultados recordes. Além disso, considera que houve uma mudança de nível na cotação do ferro em 2005, o que também ocorreu com commodities como o petróleo.

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As empresas chinesas, que antes seguiam as negociações fechadas com as siderúrgicas japonesas, estão negociando este ano de uma forma diferente, diz Agnelli. Além de marcar mais presença este ano, todas elas resolveram unificar suas posições de preço na Baosteel, a maior produtora de aço da China. Na opinião do presidente da Vale, o governo chinês negocia de forma "mais dura".

A China deverá importar este ano até 330 milhões de toneladas de minério de ferro, estima Agnelli. No ano passado, foram 275 milhões de toneladas. Só a Vale deverá fornecer 66 milhões de toneladas, ante 54 milhões em 2005, estima o executivo. A mineradora tem respondido, em média, por 20% do fornecimento de minério de ferro aos chineses.

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