Os dois maiores bancos do País (Bradesco e Itaú) comemoram lucros exorbitantes obtidos na primeira metade do ano. Todavia, a Companhia Vale do Rio Doce, empresa mineradora privatizada durante o governo FHC, sozinha, lucrou no período tanto quanto os dois gigantes do setor bancário juntos.
A Vale lucrou R$ 5,094 bilhões e os dois bancos, R$ 5,096 bilhões. A mineradora realizou um resultado 93,2% superior ao alcançado nos primeiros seis meses do ano passado. Um lucro espantoso, segundo consignou o jornal Folha de S. Paulo na edição de quinta-feira.
O aquecimento da demanda internacional e o reajuste dos preços compensaram a desvalorização da moeda norte-americana, que perdeu cerca de 14% de seu valor frente ao real no período, enquanto desde abril os preços do minério de ferro se elevaram em 71%.
Analistas do mercado admitem que o lucro da CVRD está deixando eufóricos os trabalhadores que usaram parte do FGTS para investir em ações da companhia, majorando seus ganhos. Os fundos FGTS-Vale estão entre as aplicações mais rentáveis do setor de investimentos no País.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por quatro votos a três, deu 50 dias para a Vale optar entre perder a preferência da compra do ferro extraído da mina Casa de Pedra e não utilizado pela proprietária, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), ou vender sua participação em outras minas de ferro e nos portos de Sepetiba e Itaguaí, no Estado do Rio.
A decisão foi tomada após muita discussão e visa tirar da CVRD o predomínio no setor nacional da mineração de ferro. No caso da primeira opção, a CSN será a principal concorrente da Vale dentro e fora do Brasil, passando a contar com oito milhões de toneladas de minério a mais por ano.
Como se percebe, uma disputa entre dois titãs da economia, empresas que constituíram a nata do programa de alienação do patrimônio público. Administradas segundo parâmetros de eficiência e rentabilidade, o mínimo a ser exigido duma gestão pública responsável, os ganhos dessas empresas estariam contribuindo em larga escala para a melhoria de vida dos brasileiros.